16 abril 2006

O que faltou ao Flamengo

Levando em consideração os dois gols perdidos pelo estreante Diego Silva, um dos que vieram com a caravana de Ipatinga, o Flamengo sentiu falta de Luisão em sua estréia. Seu substituto teve em seus pés as chances mais claras que seu time teve em todo o jogo, ambas em momentos-chave: uma logo no primeiro minuto de jogo, outra no minuto seguinte ao gol do São Paulo. E as perdeu bisonhamente.

Mas mais do que de um centro-avante, o Flamengo sentiu falta mesmo é de postura de time grande. Aparentemente, as duas goleadas seguidas na Copa do Brasil não foram o bastante pra dar ao time e ao técnico um mínimo de auto-confiança. No primeiro tempo, apesar do meio-campo povoado de cabeças-de-área, o time ainda criou três chances (um bom chute de Leonardo Moura, além das duas do Diego Silva). No segundo tempo, perdendo, o time mal passava do meio-campo. E, estranhamente, Waldemar Lemos levou mais de 20 minutos pra perceber que não estava dando certo para resolver mexer no time. Estaria satisfeito por estar perdendo de pouco?

A verdade é que um time que tem Fernando na zaga não pode deixar o adversário tomar a iniciativa do jogo. Quanto mais tempo a bola estiver por perto do zagueiro brucutu, mais tempo ele terá para arrumar um jeito de entregar o jogo. E não deu outra.

O São Paulo não teve nada a ver com a falta de centro-avante, zagueiro e postura de time grande do Flamengo. Fez um jogo razoável em que se mostrou, ao menos, consciente o tempo todo. Fabão deu uma ou duas pixotadas, Souza se mostrou muito limitado, mas no geral o time soube trocar passes, se movimentar e manter a posse de bola, sendo objetivo na hora certa. Marcou melhor e atacou melhor na maior parte do jogo. No segundo tempo o domínio foi maior e a diferença poderia até ter aumentado - houve inclusive duas bolas na trave. Mas, no fim, o que acabou decidindo o jogo foi mesmo a lambança do Fernando.

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O Fluminense, apontado como o melhor elenco do futebol carioca, estreou com um bom resultado - vitória é sempre bom, ainda mais fora de casa. O time podia ter resolvido o jogo ainda no primeiro tempo, mas fez um gol só. Aumentou no segundo, depois sofreu um gol e aí acabou passando um perrengue desnecessário no final pra segurar o resultado.

O grande trunfo do Flu ainda é Petkovic, apesar de ele ter jogado muito mal no finzinho deste jogo e ajudado na pressão paranaense. Já o Atlético... Levando em consideração a péssima classificação no estadual, a eliminação da Copa do Brasil pelo Volta Redonda e o que mostrou neste primeiro jogo, desconfio que pode ser candidato a mais organizado clube a participar da Série B em 2007.