10 abril 2006

Vai começar o campeonato japonês

Imaginem a cena. Início de temporada, Kléber Leite anuncia com toda pompa e circunstância o mais novo reforço do Flamengo: Edmundo. A torcida se anima e corre às lojas para comprar camisas com o número 7 às costas.

Passado o campeonato estadual, Kléber percebe que a equipe ainda precisa de melhoras no ataque e divulga o nome do mais novo contratado, aquele que será responsável por dar este salto de qualidade para a equipe: Rodrigo Tiuí.

Vocês conseguem imaginar a quantidade de piadinhas que os rubro-negros teriam que aguentar, em especial da imprensa paulista? Primeiro, um medalhão cansado, clara demonstração de falta de criatividade dos dirigentes cariocas que se agarram ao passado; depois, a aposta em uma revelação duvidosa, que teve apenas um brilhareco em um time pequeno depois de uma temporada insossa no banco do Fluminense.

Pois isso aconteceu com o Palmeiras - e aí, é tudo mais que normal. E o Palmeiras é visto por todos como candidato a repetir o feito do ano passado, conseguindo mais uma vez vaga na Libertadores.

O fato é que a discussão de nomes de reforços e jogadores dos times do Rio é totalmente improdutiva. O problema não está nos elencos - ou, ao menos, não o maior problema.

Basta ver a diferença de rendimento de determinados jogadores quando passam pelos clubes cariocas. Pergunte a qualquer rubro-negro se acreditam que André Dias, Fabão ou Fabiano seriam capazes de resolver os problemas crônicos da defesa de seu time. Se lembrar das atuações desses jogadores quando estavam no Flamengo, o torcedor com certeza vai fazer o sinal da cruz ao ouvir menção a esses nomes; mas o fato é que os três são titulares em suas equipes, fazendo bom papel na Libertadores. Tem gente que acha que o problema do Flamengo com esses e outros tantos jogadores que saíram defenestrados do clube para se darem bem com outras camisas foi simplesmente azar, macumba talvez. Eu não sou tão místico assim.

Se ouvirem de algum jogador de Botafogo, Flamengo ou Vasco que estão em clubes que têm "time para brigar de igual pra igual com qualquer um", não riam. Provavelmente eles estão certos. Jogador por jogador, a diferença é muito pequena entre 70% dos times que em breve iniciarão a luta pelo título brasileiro. Tirando as três ou quatro equipes que têm os pouquíssimos jogadores realmente diferenciados que restaram atuando no país, é todo mundo japonês - inclusive os times do Rio.