31 maio 2006

A Pátria de chuteiras: Os cabeças-de-área

"Deus está nas coincidências", já dizia Odorico Quintela em Engraçadinha - e meu amigo Léo Mahfuz.

Calhou do dia em que eu escreveria sobre os cabeças-de-área da seleção coincidir exatamente com o corte de um deles. No caso, o Edmílson, primeiro reserva para a posição. E havia quem apostasse que, em algum momento durante a Copa, Parreira desfaria o seu quadrado mágico para lançá-lo entre os titulares.

Vou ser sincero: não tenho muita opinião formada sobre Edmílson. Parece bom, mas nada demais, e até desconfio que gosto mais do Mineiro do que dele. Acho que é supervalorizado, mas é achômetro mesmo. Enfim, não acredito que faça muita falta - na verdade, só de afastar o risco do Parreira trocar um atacante por um volante, talvez já tenha valido a pena ele não ir à Copa. Sem ele, imagino que a primeira opção do técnico se resolver desistir do esquema "super ofensivo" será o retorno de Juninho Pernambucano ao time.

Nosso técnico acredita que joga com dois cabeças-de-área, Emerson e Zé Roberto. Parece claro que Zé Roberto não é cabeça-de-área. Não joga assim em seu time na Alemanha (a bem da verdade, ele por lá joga mais adiantado do que o Juninho na França, e Parreira nem imagina colocar o pernambucano jogando mais atrás) e mesmo na seleção ele se solta mais do que seu companheiro de proteção à zaga. Mas como Parreira o vê assim, torçamos para que ele não se machuque - ou teremos dois volantes de verdade parados ali na frente da defesa. Como eu disse, é muito difícil que o Juninho entre ali, a não ser que seja em uma situação durante o jogo em que o time esteja perdendo. Apesar de ser a minha escolha preferida inclusive para começar a Copa.

Do Emerson eu realmente não sou fã. Acho que marca sempre fazendo faltas e com certeza nós enfrentaremos diversos times com bons cobradores. Taí uma fonte possível para uma derrota: uma falta de Emerson na entrada da área brasileira. Na Copa passada, Deus ajudou e fez Felipão precisar lançar Gilberto Silva, na época no Atlético-MG. Eu já gostava dele naquela época e hoje, em que se tornou titular do Arsenal e atravessa boa fase, o vejo fácil fácil ocupando esta vaga.

E quanto ao Mineiro?

Bem, o Mineiro vem jogando bem no São Paulo mesmo, há algum tempo já. Corre muito, marca bem e ainda serve de elemento surpresa no ataque. Pelo momento que vive, não deixa de ser merecida a convocação. Mas, se o critério é momento, a ausência do Júnior é inexplicável. E se fosse pra manter o padrão de convocar quem já vinha sendo chamado e testado, faria muito mais sentido levar o Renato ou o Júlio Baptista. Não que eu preferisse qualquer um dos dois; seria apenas uma questão de coerência, que afinal de contas é o que a imprensa mais elogiou em nosso técnico na sua lista.

Mas na verdade ninguém vai perturbar muito o Parreira com isso pelo simples fato de que a imprensa paulista adora o Mineiro. No duro, no duro, o critério da escolha deve ter sido esse: "quem eu vou chamar que os jornalistas vão gostar mais e me encher menos o saco?" Ele não vai jogar mesmo, não faz muita diferença.

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Vocês têm alguma dúvida de que a entrada do Adriano no Edmílson durante o treino ajudou a criar esse primeiro desfalque na Seleção?