29 maio 2006

A Pátria de chuteiras: Os laterais esquerdos

Seleção brasileira tem umas coisas engraçadas.

Roberto Carlos é o titular absoluto de nossa lateral esquerda tem aí quase 10 anos já. Né? Por aí.

O revezamento tem sido na sua reserva. E, por um longo tempo, o ocupante cativo desta vaga foi o Júnior. O próprio Parreira convocou muito o Júnior, até 2004. Nesta época, ele estava na Europa - mais precisamente no Siena, da Itália. Ninguém sabia muito bem como ele estava, mas por falta de idéia melhor ele era sempre o escolhido. Tem um monte de jogadores que conseguiram ser convocados muitas e muitas vezes assim, por inércia - ninguém tinha criatividade pra pensar em alguém melhor e em toda convocação, pimba!, lá estava o Flávio Conceição. Ou o Júnior. Sem que ninguém estivesse vendo eles jogarem.

Pois no segundo semestre daquele ano, Júnior se transferiu para o São Paulo. Acho que desde então, quando todo mundo passou a poder ver toda semana como ele joga, não foi mais convocado. E olha que ele vem jogando bem, ao menos nos últimos tempos.

Talvez ele seja a ausência mais sentida nesta convocação de poucas ausências sentidas. Roberto Carlos, como eu disse, é titular absoluto - mas não é mais nenhuma unanimidade. Muito pelo contrário. Muita gente preferia que ele não jogasse. Tem quem defenda a improvisação (a essa altura seria isso) do Zé Roberto em seu lugar. E tem quem gostaria de ver Júnior ali. Acho que entro nesse caso aí, apesar de nunca ter sido grande fã do Júnior, pra ser sincero. Mas ele tem jogado bem mesmo e já esteve muito na seleção, até em Copa. Não seria nenhuma experiência extravagante, uma aposta em um estreante, nada disso.

Porém, nem pro banco ele foi chamado. Em seu lugar foi Gilberto - um que passou a ser convocado com muito mais frequência desde que, justamente, foi pra Europa e a gente parou de vê-lo toda semana. Pois é. Nunca achei ele ruim, mas também é complicado imaginá-lo com a camisa da Seleção numa Copa do Mundo. Se o Roberto Carlos por acaso se machucasse e eu tivesse que decidir pelo Parreira quem colocar em seu lugar, tendo à disposição quem ele tem à disposição, ia acabar colocando o Zé Roberto.

Vamos ver como Roberto Carlos se sai na Copa, quando as coisas são pra valer. Em amistosos e jogos de eliminatórias, há muito tempo ele irrita pelo visível desinteresse. E, fora isso, ninguém mais vê nele esse jogador todo. Seu forte, a bem da verdade, sempre foi muito mais o físico do que a técnica. E o tempo passa, o tempo voa...

* * * *

O Fluminense é líder isolado.

Mas quem vê o Fluminense jogar não pode estar enxergando nele um futebol de líder isolado. Não é um time ruim, mas também não é pra tanto.

Vamos combinar que pelo menos 9 dos 19 pontos que tem foram conseguidos jogando pior e sendo ajudado por uma sorte absurda ou por erros ainda mais absurdos da arbitragem. Como aconteceu no Fla-Flu de ontem.

Mas claro que sempre ajuda enfrentar um adversário que termina o jogo, perdendo e com um a mais, jogando sem nenhum atacante em campo.