14 novembro 2006

Festa da democracia

Havia entre os vascaínos os que tivessem a esperança de que esta seria a hora de tirar o Eurico de lá. Mas a eleição passou e, de novo, o cara ganhou.

Pode ser que a vitória tenha sido mesmo graças a fraudes, mas é claro que a tática do Eurico era apelar pro "fato consumado". Vai-se pra Justiça contestar o resultado, mas até uma decisão sair, o mandato já tá acabando e ele ficou lá esse tempo todo. E vai se arrastando assim. Na última eleição, foi exatamente isso o que aconteceu.

Mas a margem, dessa vez, foi bem maior do que na vez passada. Reclama a oposição de que houve cerca de 600 pessoas que votaram sem ter condição para isso; subtraindo esses 600 votos do Eurico, ele perderia por pouco menos de 50. Mesmo que a conta certa seja isso aí, é apertado demais. Depois de tudo o que esta diretoria fez com a aventura olímpica do Vasco - há uma enxurrada de atletas na Justiça tentando receber o que lhes é devido até hoje - Adriana Behar e Shelda foram a São Januário votar no atual presidente, "que olha com carinho para o esporte amador". É complicado.

A verdade é que a escolha de um presidente de clube como o Vasco, o Flamengo, o São Paulo ou o Palmeiras é algo que interessa a milhões de pessoas pelo Brasil afora - mas que fica na mão de pouca, muito pouca gente. Tem que ser assim?

O Inter, hoje, já tem mais de 30 mil sócios. Estes geram pro clube uma enorme receita por mês - mais do que o Flamengo não recebe da Petrobras para transformar sua camisa em um macacão de piloto - e enchem o estádio para apoiar o time a cada jogo.

E aí é aquilo: não é mais difícil pra um ditador obscuro qualquer controlar uma massa de 30 mil na hora de uma eleição? A coisa não fica bem mais complicada pra quem não trabalha direito se manter? Não sei como é o modelo de eleição no Inter, pra ser sincero. Se alguém souber se esses associados todos votam pra presidente, me fale. Eu acho que sim, e acho também que o clube só teria a ganhar com isso.

Mas a questão é: será que interessa aos dirigentes atuais apostar nessa mudança de modelo?


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E se os clubes todos virassem empresa, não poderia ser ainda pior? A torcida ter menos poder de influir ainda? Sei lá.


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Esse ano temos ainda eleição no Flamengo. Tem oposição, mas parece barbada a vitória de Márcio Braga.