21 novembro 2006

Tóquio é aqui mesmo

São Paulo campeão, todo mundo já sabia. O que dizer? Foi a melhor campanha, de longe, por qualquer ângulo que se observe. A essa altura, dizer que foi merecido é chover no encharcado.

O que dá pra observar é que este campeão simboliza a nova ordem do futebol brasileiro, em que temos pouquíssimos grandes jogadores e os elencos são praticamente todos nivelados. A vitória ou a derrota vêm nos detalhes, e o título em um campeonato longo e de pontos corridos vai para aquele que consegue fazer com que estes detalhes surjam mais a seu favor.

Para isso, o time tem que estar bem preparado. Conta muito hoje em dia o treinador e a estrutura que ele tem para trabalhar. Muricy Ramalho vem nos últimos anos fazendo sempre bons trabalhos e agora consegue finalmente um título de grande expressão, que deve ajudá-lo a se colocar realmente no primeiro time dos técnicos brasileiros.

E o time tem que também estar tranqüilo e concentrado em seu trabalho, para não deixar as oportunidades passarem e não criá-las à toa para seus adversários. Se dá bem o clube que paga seus salários em dia, não mexe no elenco e no treinador sem parar, não tem dezessete cartolas brigando por espaço e dando palpites à toda hora e não permite que a pressão dos torcedores extrapole o seu papel. Ataques de estrelismo de um ou outro jogador e briguinhas dentro do elenco também são cada vez mais mortais nos dias de hoje.

E é nessas coisas que o São Paulo - o clube, não o time - fez a diferença. Entre os jogadores, aparecem alguns bons valores, mas nenhum daqueles que você imagine que, se estivesse em algum dos adversários, o título teria outro destino. Isso aconteceu nos últimos anos com Alex no Cruzeiro, Robinho no Santos e até com Tevez e Nilmar no Corinthians. Desta vez, não houve ninguém assim, nem no campeão nem em seus perseguidores.

Como falei lá no início, foi um grande campeonato japonês.

* * * *

Vi por acaso um pedaço razoável do segundo tempo de Paulista x Paysandu, pela série B. O jogo acabou com um inacreditável placar de 9x0 para o time de Jundiaí - e deu raiva por não terem feito o décimo.

Como meu irmão comentou durante o jogo, é uma falta de propósito se transmitir esse tipo de jogo pela TV. Ok, é bem legal pra quem é Paulista ou Paysandu, ou torce pra algum dos times que disputam com eles a vaga na série A ou o rebaixamento para a terceirona. Mas, jogo por jogo, dava na mesma que ligar uma câmera numa pelada qualquer do Aterro.

E, sem contar o placar esdrúxulo, a qualidade do jogo não foi excessão. Se o Brasileiro da série A já é um japonesão, a série B deve ser comparável a Senegal ou Taiwan, sei lá. Imagino que o pior de ver o seu time rebaixado é ter que aguentar assistir a esse tipo de jogo.