06 dezembro 2006

De novo o Tostão

"Além do Rogério Ceni, a grande diferença do São Paulo para as outras equipes no Campeonato Brasileiro foram os volantes Mineiro e Josué. "

Esse é o comentário dele na coluna de hoje.

Primeiro, eu discordo quanto ao Rogério Ceni. É um bom goleiro, mas não o bastante pra aparecer como "grande diferença" do São Paulo para as outras equipes e justificar o título, 9 pontos na frente, com melhor defesa e melhor ataque.

Rogério foi eleito o melhor jogador do campeonato pelo que representa para o time campeão - e ele representa tanto menos pelo que efetivamente agarra e mais pela longevidade no time, pela liderança, pela pessoa articulada que é. Goleiro por goleiro, outros tantos são tão bons ou melhores que ele no campeonato.

Em campo, pra valer, ele foi mais "grande diferença" pelos gols de falta. E nisso ele é mesmo dos melhores do país. Mas outros times tiveram jogadores que decidiram muitos jogos dessa maneira - como o Renato no Flamengo ou o Andrade no Vasco. Não foi este o grande diferencial do campeão.

E aí é a hora de concordar com o Tostão ao falar da dupla de volantes. Mas comentar como o Mineiro e o Josué são importantes para o São Paulo já é até lugar comum mesmo. O negócio é os outros times prestarem atenção nisso: ter cabeças-de-área que só marcam é aposta na mediocridade; o contrário faz sim diferença e pode até ser decisivo para levar um time ao título.

Ano passado, o Corinthians foi campeão muito em função de seus atacantes. Eram eles que faziam a diferença (claro, fora os juízes e tribunais). O Santos, antes, também foi bastante dependente de seu ataque, com Robinho. Já o Cruzeiro campeão teve seu diferencial no criador do meio-campo, Alex.

Esse ano, o São Paulo não teve grandes destaques nem na armação, nem no ataque. Não é que os jogadores dessas posições tenham ido mal, mas ninguém realmente acredita que se estivessem em outro time seriam capazes de transformá-lo em campeão sozinhos. O título veio pelo conjunto, e os volantes foram talvez as peças mais importantes nele.

E os dois gaúchos, que vieram logo atrás do São Paulo, também tiveram como grandes destaques volantes que apareceram como acima da média com a bola nos pés, Tinga e Lucas. Pode ser sinal da mediocridade dos atacantes e meias, mas os clubes que prestarem atenção nisso na hora de montar seus times para 2007 podem se dar melhor.