28 novembro 2006

O gol do Ronaldinho...

... de bicicleta, contra o Villareal, foi mesmo espetacular.

Vi pela primeira vez ontem e lembrei na hora de outro: o de Iarley, no Inter x Vasco do primeiro turno do Brasileiro deste ano. Da mesma maneira, ele mata a bola no peito de costas para o gol e completa com uma bicicleta. Pra mim, o lance é mais bonito que o do Gaúcho; o movimento é perfeito, a bola entra no ângulo, a distância pro gol é bem maior.

Procurem no YouTube por Iarley bicicleta e comparem.

27 novembro 2006

Ficou difícil

O Vasco deu mole, empatou com o Santos e deixou de poder contar só com seu resultado pra ir à Libertadores. Pra ser sincero, acho que não vai dar.

O mole, mesmo, foi no jogo contra o Juventude. Tivesse ganho ali e estariam bem agora. Mas dar mole em casa foi uma rotina durante todo o campeonato.

Deste último jogo contra o Santos, vi apenas o final. Era um time que, mesmo jogando em casa e precisando muito do resultado, não conseguia pressionar o adversário, diante de uma torcida que lotava o estádio mas estava calada. É comportamento típico de quando a massa está animada com os resultados, mas não com o time.

Foi engraçado o lance no finalzinho em que o Abedi pediu um pênalti, depois de claramente ter puxado o adversário pela camisa. O juiz não foi na dele e o cara socou o chão, esperneou, mostrou desespero. A cara-de-pau de certos jogadores me impressiona!

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Fernando no Flamengo. Até quando, meu Deus?

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Impressionante ler no blog do Kfouri que 50 mil torcedores do Bahia foram as ruas em protesto pacífico, pedindo a queda da diretoria do clube - que vai amargar mais uma temporada na série C. Nunca se viu torcida nenhuma no Brasil fazer algo parecido.

23 novembro 2006

Concentração de renda

Impressionante o domínio nordestino na série B. Dos quatro que subirão à série A, três são da região (sendo que o América-RN ainda precisa de confirmação na última rodada).

Impressionante o desempenho dos nordestinos na série A: ficaram com as últimas duas posições.

Nos últimos anos, tem sido comum ver o efeito iô-iô nos times do Nordeste, sempre saudados por suas torcidas apaixonadas. Vai ser um desafio para os três estreantes do ano que vem quebrar a rotina e se manter na elite.

Uma das causas disso é a divisão perversa dos direitos de TV. O Náutico - que além de nordestino, está em situação pior do que de alguns de seus vizinhos por não ser membro do Clube dos 13, como Vitória, Bahia ou Sport - espera receber ano que vem cerca de R$3 milhões por sua participação no campeonato, pelo que li no blog do Poli. O Flamengo, por exemplo, deve ganhar no mínimo 4 vezes mais do que isso (o dado que achei, do balanço rubro-negro de 2004, falava em 15 milhões de reais naquele ano para televisionamento; a cifra deve ter aumentado de lá pra cá, mas se referia não só ao Campeonato Brasileiro). Se somarmos a isso as diferenças em todos os demais contratos de patrocínio, parcerias e o escambau, se percebe que a disputa é totalmente desigual.

Com o nivelamento dos jogadores que ainda atuam pelo Brasil, acaba havendo espaço para estes times conseguirem fazer boas campanhas, se souberem investir em estrutura, nas categorias de base e tiverem uma boa direção técnica, capaz de encontrar bons valores escondidos por aí. É a esperança que resta.

Mas a verdade é que é necessário pensar no modelo que se deseja para o futebol brasileiro. O atual, com esta política de divisão de recursos e um longo campeonato brasileiro de pontos corridos com peso gigantesco no calendário e na atenção da mídia, só pode mesmo gerar dificuldades não só para os times de centro menores, mas também para os clubes de menor expressão dos estados mais importantes. Muita gente já começa a escrever por aí previsões sobre um máximo de quatro ou cinco times dominando totalmente o nosso futebol em alguns anos. É o que acontece na Europa, e devemos pensar se é o que queremos para o Brasil.

No modelo americano, há a preocupação de não criar superpotências que monopolizem os títulos de suas ligas profissionais. Algumas das medidas que eles tomam pra isso não são transportáveis para o Brasil (a questão do draft, por exemplo; lá, os times mais fracos em uma temporada sabem que terão prioridade para escolher os melhores entre os novos valores vindos das universidades na seguinte, e isso realmente é decisivo para que haja uma alternância de forças). Mas há muito tempo eles já chegaram à conclusão da necessidade de um teto salarial. Talvez seja algo que devesse ser pensado aqui - embora deva se pensar também nos efeitos que isso pode ter para dificultar ainda mais a manutenção de grandes jogadores no país.

No duro, com as cifras absurdas que vemos nos campeonatos europeus e os indícios cada vez mais fortes de lavagem de dinheiro no futebol de lá, em algum momento a FIFA deveria tomar medidas nesse sentido em nível mundial.

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P.S.: Acabei de postar este texto e fui ler no Máquina do Esporte uma notícia falando justamente desse teto salarial que os americanos instituem em suas ligas profissionais. No caso, trata-se de uma nova regra da MLS - justamente a do futebol - que permite que cada time possua um jogador acima do teto. A idéia é justamente permitir que se abram exceções para grandes jogadores (a nova regra já foi apelidada de "Lei Beckham", justamente porque se fala no interesse em levar o inglês pra lá).

21 novembro 2006

Tóquio é aqui mesmo

São Paulo campeão, todo mundo já sabia. O que dizer? Foi a melhor campanha, de longe, por qualquer ângulo que se observe. A essa altura, dizer que foi merecido é chover no encharcado.

O que dá pra observar é que este campeão simboliza a nova ordem do futebol brasileiro, em que temos pouquíssimos grandes jogadores e os elencos são praticamente todos nivelados. A vitória ou a derrota vêm nos detalhes, e o título em um campeonato longo e de pontos corridos vai para aquele que consegue fazer com que estes detalhes surjam mais a seu favor.

Para isso, o time tem que estar bem preparado. Conta muito hoje em dia o treinador e a estrutura que ele tem para trabalhar. Muricy Ramalho vem nos últimos anos fazendo sempre bons trabalhos e agora consegue finalmente um título de grande expressão, que deve ajudá-lo a se colocar realmente no primeiro time dos técnicos brasileiros.

E o time tem que também estar tranqüilo e concentrado em seu trabalho, para não deixar as oportunidades passarem e não criá-las à toa para seus adversários. Se dá bem o clube que paga seus salários em dia, não mexe no elenco e no treinador sem parar, não tem dezessete cartolas brigando por espaço e dando palpites à toda hora e não permite que a pressão dos torcedores extrapole o seu papel. Ataques de estrelismo de um ou outro jogador e briguinhas dentro do elenco também são cada vez mais mortais nos dias de hoje.

E é nessas coisas que o São Paulo - o clube, não o time - fez a diferença. Entre os jogadores, aparecem alguns bons valores, mas nenhum daqueles que você imagine que, se estivesse em algum dos adversários, o título teria outro destino. Isso aconteceu nos últimos anos com Alex no Cruzeiro, Robinho no Santos e até com Tevez e Nilmar no Corinthians. Desta vez, não houve ninguém assim, nem no campeão nem em seus perseguidores.

Como falei lá no início, foi um grande campeonato japonês.

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Vi por acaso um pedaço razoável do segundo tempo de Paulista x Paysandu, pela série B. O jogo acabou com um inacreditável placar de 9x0 para o time de Jundiaí - e deu raiva por não terem feito o décimo.

Como meu irmão comentou durante o jogo, é uma falta de propósito se transmitir esse tipo de jogo pela TV. Ok, é bem legal pra quem é Paulista ou Paysandu, ou torce pra algum dos times que disputam com eles a vaga na série A ou o rebaixamento para a terceirona. Mas, jogo por jogo, dava na mesma que ligar uma câmera numa pelada qualquer do Aterro.

E, sem contar o placar esdrúxulo, a qualidade do jogo não foi excessão. Se o Brasileiro da série A já é um japonesão, a série B deve ser comparável a Senegal ou Taiwan, sei lá. Imagino que o pior de ver o seu time rebaixado é ter que aguentar assistir a esse tipo de jogo.

17 novembro 2006

De caso com a Máfia

A notícia de hoje é o anúncio oficial de que deve mesmo haver uma relação oficial entre Flamengo e MSI em 2007.

É um anúncio esquisito, quase que um não-anúncio. Nem mesmo a renovação do Bruno está 100% certa. Nenhum jogador foi realmente contratado até agora. Enfim: de fato, nada ainda aconteceu.

E imagino que a maioria dos torcedores rubro-negros conscientes esteja torcendo agora para que, de fato, nada aconteça.

(Ok: a não ser a renovação do Bruno.)

Do pouco que se sabe e se disse, uma coisa positiva: a MSI não vai ser "parceira" do Flamengo, não vai mandar no futebol do clube, não indica diretor, nada disso. A relação do clube com a máfia russa seria como acontece com um empresário qualquer, um agenciador de jogadores. Ou seja: em princípio, a MSI funcionará como um Uram com portfolio de atletas mais vistoso. Então, até aí...

Em sendo assim, a maior questão fica sendo a política de contratação de jogadores. Os nomes cogitados valem a pena? São das posições que o time precisa, estão dentro de um perfil desejável? Não são caros demais? Mesmo que venham de graça, quem pagará os salários astronômicos a que estão acostumados? E chegarão dispostos a ficar realmente por algum tempo no Flamengo, ou apenas preocupados em partir de volta à Europa na primeira oportunidade?

Creio que as respostas a essas questões não são lá muito agradáveis.

No que começaram a surgir notícias de Tevez e Mascherano, por mais inverossímeis que soem, os jogadores na Gávea começaram a chiar. Quer dizer que estão ralando, correndo e jogando sério mesmo com dois meses de salários atrasados e, em vez de darem um jeito na situação, os diretores vão à Europa buscar jogadores de salários astronômicos para disputarem não só a vaga no time como o escasso dinheiro? Como é que pode?

A maior preocupação de um dirigente sério do Flamengo hoje em dia deveria ser resolver a questão do patrocinador. Fazer entrar dinheiro regularmente nos cofres do clube para dar a todos tranquilidade para trabalhar. Depois disso, pode se pensar em um passo além, se for o caso - tendo a chance de planejar em cima do que realmente se terá para gastar. Antes, não.

E é bom lembrar: tem eleição na Gávea ainda este ano. Essa diretoria nem sabe se continuará ano que vem e deveria lembrar disso antes de fechar qualquer acordo.

16 novembro 2006

Coisa com coisa

Normalmente eu não ligo muito pra seleção fora de época de Copa do Mundo. É comum até eu torcer contra - porque não é raro eu estar implicando com o técnico por um motivo ou por outro e querendo que ele caia de uma vez. Com o Luxemburgo era bem assim. Mas o normal é eu estar indiferente, como estou agora.

Mas acabei vendo o jogo ontem. Foi chinfrim.

A vitória nem foi merecida. Os nossos gols foram em lances isolados (um escanteio, uma saída errada do goleiro deles) - como foi o da Suíça. Eles basicamente só sabiam levantar bolas na área, e mesmo assim devem ter tido mais ou menos o mesmo número de chances que o Brasil, fora um pênalti bem claro (e bem idiota) não marcado.

Mas gostei do Hélton, que eu sempre quis ver na seleção (embora, pra mim, fosse banco do Júlio César). Gosto da zaga também, embora quisesse ver ali o Alex, ex-Santos. No ataque, acho que o Rafael Sóbis não é jogador pra ser titular de seleção, provavelmente nem pra ser banco, e se for pra jogar não é como centro-avante.

Fora isso, não consigo me acostumar a ver Dudu Cearense, Fernando e Elano (que até vem bem, embora bata muito) como titulares do meio-campo pro Ronaldinho Gaúcho ficar no banco.

Essa história de não ter espaço para ele, Kaká e Robinho ao mesmo tempo é bem patético. É obrigação de um técnico de seleção arrumar um lugar pra todos eles, esse é o seu trabalho. Infelizmente, o fracasso na Copa leva a determinados pensamentos simplistas que acabam dando nesse tipo de besteira.

Isso me lembra o filme O ano em que meus pais saíram de férias, que vi há pouco tempo e se passa na época da Copa de 70. Havia a discussão: Pelé e Tostão podem jogar juntos? Muitos achavam que não. "Você não fala coisa com coisa", respondia a esses o menino do filme. Provavelmente acharia a mesma coisa agora.

14 novembro 2006

Festa da democracia

Havia entre os vascaínos os que tivessem a esperança de que esta seria a hora de tirar o Eurico de lá. Mas a eleição passou e, de novo, o cara ganhou.

Pode ser que a vitória tenha sido mesmo graças a fraudes, mas é claro que a tática do Eurico era apelar pro "fato consumado". Vai-se pra Justiça contestar o resultado, mas até uma decisão sair, o mandato já tá acabando e ele ficou lá esse tempo todo. E vai se arrastando assim. Na última eleição, foi exatamente isso o que aconteceu.

Mas a margem, dessa vez, foi bem maior do que na vez passada. Reclama a oposição de que houve cerca de 600 pessoas que votaram sem ter condição para isso; subtraindo esses 600 votos do Eurico, ele perderia por pouco menos de 50. Mesmo que a conta certa seja isso aí, é apertado demais. Depois de tudo o que esta diretoria fez com a aventura olímpica do Vasco - há uma enxurrada de atletas na Justiça tentando receber o que lhes é devido até hoje - Adriana Behar e Shelda foram a São Januário votar no atual presidente, "que olha com carinho para o esporte amador". É complicado.

A verdade é que a escolha de um presidente de clube como o Vasco, o Flamengo, o São Paulo ou o Palmeiras é algo que interessa a milhões de pessoas pelo Brasil afora - mas que fica na mão de pouca, muito pouca gente. Tem que ser assim?

O Inter, hoje, já tem mais de 30 mil sócios. Estes geram pro clube uma enorme receita por mês - mais do que o Flamengo não recebe da Petrobras para transformar sua camisa em um macacão de piloto - e enchem o estádio para apoiar o time a cada jogo.

E aí é aquilo: não é mais difícil pra um ditador obscuro qualquer controlar uma massa de 30 mil na hora de uma eleição? A coisa não fica bem mais complicada pra quem não trabalha direito se manter? Não sei como é o modelo de eleição no Inter, pra ser sincero. Se alguém souber se esses associados todos votam pra presidente, me fale. Eu acho que sim, e acho também que o clube só teria a ganhar com isso.

Mas a questão é: será que interessa aos dirigentes atuais apostar nessa mudança de modelo?


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E se os clubes todos virassem empresa, não poderia ser ainda pior? A torcida ter menos poder de influir ainda? Sei lá.


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Esse ano temos ainda eleição no Flamengo. Tem oposição, mas parece barbada a vitória de Márcio Braga.

10 novembro 2006

Colocando em perspectiva

O Vasco tá ali, na beira da Libertadores, em sexto lugar.

Quem vem logo abaixo é o Flamengo, em sétimo. Só não disputa vaga na Libertadores porque... Bem, porque já está garantido lá. Ou seja: há que se levar em consideração que essa campanha rubro-negra é feita basicamente sem objetivo. Tirando os momentos em que se achou que o time estava ameçado pelo rebaixamento, o Flamengo jogou o tempo todo, desde a final da Copa do Brasil, sabendo que não disputava nada.

Digo isso só pelo seguinte: vocês lembram dos comentários generalizados da imprensa na época da final da Copa do Brasil?

Eram times ridículos, um título "me-engana-que-eu-gosto", uma Copa chinfrim. Não faltaram piadinhas falando de como o Brasil sempre manda um time de segunda divisão para a Libertadores graças à Copa do Brasil. Os dois tinham tudo para serem rebaixados no Brasileiro.

E aí?

Claro que não são timaços, não estão disputando o título, mas vamos combinar que aqueles comentários todos agora parecem um tanto quanto descabidos, não?

Por outro lado, quando o Palmeiras deu uma reagida com o Tite, logo começaram a falar em Libertadores. Mesmo o Corinthians, quando conseguiu alguns bons resultados seguidos na chegada do Leão, levantou esse tipo de comentário.

E esses, onde estão na tabela mesmo?

É impressionante como a nossa imprensa esportiva se deixa levar por preconceitos e bairrismos.

09 novembro 2006

O que interessa e o que não interessa

O Flamengo poderia ter goleado o Goiás ontem. Depois de um primeiro tempo relativamente equilibrado, mas no qual o Flamengo não só conseguiu seu gol como foi mais perigoso nos momentos em que dominou, o segundo tempo começou dando a impressão de que os gols rubro-negros sairiam naturalmente.

Mas as chances perdidas se sucederam, o gol não saiu e aí veio o surto do Juan, que arrumou uma expulsão que parece encomendada para adiantar suas férias. Ney Franco (de quem eu gosto) teve um ataque de medo e tirou o único atacante em campo, mandando o recado pro time: agora é pra se segurar como puder! E nisso o Goiás conseguiu vir pra cima - mas de maneira totalmente desordenada. Se o Flamengo tivesse mantido uma opção de contra-ataque, poderia ter feito mais gols (aliás, como quase fez, com o lateralzinho André).

O Goiás pareceu um time fraco no meio-campo e ansioso demais no ataque. Todos chutam de qualquer jeito, de qualquer lugar. Creio que, ontem, poderiam jogar mais 90 minutos e não fariam um gol.

O Flamengo mostra cada vez mais que tem um time bastante razoável, que com algumas poucas peças bem escolhidas pode fazer um bom papel em 2007. É só a diretoria não ter devaneios demais na hora das contratações.


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Mas esse foi só o jogo que a Globo passou ontem (e, bem, o do meu time). O que interessava pro campeonato mesmo eram o Inter x Santos - que acabou empatado e, dizem, foi um jogo decepcionante - e o Vasco x Paraná.

Com a vitória do Vasco, os jogos de hoje de Botafogo e Cruzeiro se tornaram muito mais interessantes. Se por acaso os dois ganharem, a briga pela última vaga na Libertadores vai ser a mais emocionante dos últimos anos, com quatro times dentro de um intervalo de dois pontos. E mesmo o Santos - que pega dois adversários diretos nas próximas duas rodadas - não pode dar muito mole não, ou pode ter uma surpresa desagradável nessa reta final.

Entre vascaínos e paranistas, os cariocas têm a tabela um tanto mais fácil. Há dois adversários em comum para os dois: o São Caetano, que tem apenas um sonho distante de se livrar do rebaixamento, e o Santos - com a diferença nada desprezível de que o Vasco joga em casa e o Paraná fora. Fora isso, o Vasco pega o Juventude em casa na próxima rodada e na última o Figueirense, sem nenhuma pretensão, em Florianópolis; e o Paraná enfrenta os dois líderes do campeonato, São Paulo (em casa) e Inter (fora).

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E a outra decisão de hoje, fora os jogos de Botafogo e Cruzeiro, acontece no Maracanã.

Cês chegaram a ver o anúncio que colocaram ontem, na parte de esportes de O Globo? Segundo o Lédio Carmona, trata-se de um empresário usando um pseudônimo:



(Pelo menos quanto ao Lenny ele/ela tem razão...)

08 novembro 2006

Idéias geniais

Vasco x Paraná, jogo decisivo de hoje, está marcado para as 19h30. De onde saiu esse horário, meudeusdocéu?

E agora vamos pra uma brincadeira muito útil pra manter um blog sobre futebol atualizado com frequência: os palpites da rodada.

Vasco 2 x 0 Paraná
São Caetano 1 x 0 Figueirense
Juventude 2 x 2 Grêmio
Palmeiras 0 x 0 Fortaleza
Internacional 3 x 1 Santos
Goiás 1 x 2 Flamengo
Atlético-PR 3 x 1 Corinthians
Fluminense 0 x 1 Ponte Preta
São Paulo 1 x 1 Botafogo
Santa Cruz 0 x 2 Cruzeiro

A arte de um verdadeiro craque

06 novembro 2006

Decisão no meio de semana

Depois da vitória sobre o Flamengo, com a qual ganhava moral por vencer o rival e entrar na zona da Libertadores depois de algum tempo, o Vasco patinou. Perdeu pro Atlético-PR e, agora, para o Cruzeiro. A situação ficou complicada e o próximo jogo, contra o Paraná, é uma verdadeira decisão. Se ganhar, o time ainda não se garante; mas se perder, está praticamente fora.

O jogo contra o Cruzeiro começou muito ruim, dos dois lados. O Cruzeiro um pouquinho só melhor, até conseguir seu gol, num lance confuso. O Vasco, então, perdeu o Abedi - que é um jogador fisicamente forte, que se apresenta muito pro jogo, mas fraquinho demais pra ser O armador do Vasco. E, perdendo, Renato lançou em seu lugar um volante.

Parecia esquisito, mas foi a partir daí que o Vasco passou a ganhar o meio-campo e dominar o jogo. Poderia até ter empatado ainda no primeiro tempo - mas não empatou e, no primeiro lance da segunda etapa, veio aquele frangaço-aç0-aço do Cássio que acabou decidindo o jogo, apesar do Vasco ainda ter corrido atrás e até conseguido descontar.

Se o Vasco pretende chegar à Libertadores e fazer um bom papel, talvez já devesse estar pensando em contratar um novo goleiro pra 2007. O Cássio dá pra enganar; em relação a outros que andaram por lá nos últimos tempos é até bonzinho. Mas sai incrivelmente mal do gol em bolas altas e não passa lá muita segurança. Não é pra ser titular de um time que se pretenda realmente vencedor.


* * * *

E assim como Vasco x Paraná é uma grande decisão, outra é Fluminense x Ponte Preta. O Fluminense vai ter que se esforçar muito pra provar que realmente não consegue ganhar de ninguém. Por mais inacreditavalmente ruim que seja sua campanha, a Ponte consegue se manter atrás. E essa última derrota, em casa, pro São Caetano, foi mesmo de doer.

03 novembro 2006

Uns mais iguais que os outros

Eu mesmo já falei aqui algumas muitas vezes sobre o equilíbrio nesse campeonato. Vendo os jogos, as zebras, a irregularidade de praticamente todos os times, acabamos achando que são todos iguais. Mas aí a gente assiste a um São Caetano x Fluminense e percebe por que é que alguns desses times iguais conseguem perder tanto assim para outros iguais.

O jogo foi uma verdadeira peladaça, com dois times sem nenhum combate no meio-campo, os dois chegando um à entrada da área do outro rapidamente, em todos os lances - mas sem conseguir produzir nada de interessante com isso. Só poderia sair gol realmente por acidente, como aconteceu para os dois times.

Tá certo que o Fluminense poderia ter vencido se não fosse o absurdo impedimento marcado no último minuto, quando Pedrinho tinha tudo pra marcar. Mas a verdade é que os dois times mereciam perder.


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Ouvi o finzinho de Flamengo x Santa Cruz no rádio e o comentarista da CBN dizia que o rubro-negro mostrou uma "incrível capacidade de não fazer gols".

Ora, o técnico escala o time sem NENHUM atacante e esperava o quê? Tem horas que futebol é realmente simples de entender.


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Vejam vocês como futebol pode tirar qualquer um do sério.

Jean-Paul Prates mantém no site de O Globo o blog Além do petróleo, em que trata de política energética, gás, biocombustíveis etc. etc. etc. Ultimamente, claro, seu grande assunto tem sido a crise com o governo boliviano.

Mas ele teve que interromper o tema para tratar de algo muito mais urgente: a óbvia manipulação de resultados no Campeonato Brasileiro.

O texto, muito sério, dentro do tom utilizado em todo o blog, pode ser resumido no seguinte: "juiz FDP, roubou meu Fogão!"

01 novembro 2006

Obra de igreja

Essa aí embaixo é uma matéria que me chamaram para escrever para o primeiro número da revista O Torcedor - que acabou nunca saindo, coisas da vida, e agor eu lembrei de colocá-la aqui.

Isso foi no ano passado; reparem que eu escrevia que a previsão do fim das obras no Maracanã era para o fim de 2005, e agora já está claro que até o fim deste ano não teremos ele pronto. Percebam também o parágrafo em que eu falo do que estava previsto para a obra além das cadeiras no lugar da geral. Será que vai ter tudo isso mesmo? Hmmm...

Bom, lá vai:


A modernidade vence a tradição no Maracanã

Reforma do estádio põe fim à geral, espaço reservado para o povão

por André Monnerat

24 de abril de 2005. É esta a data oficial do fim da lendária geral do Maracanã, espaço mais democrático do grande palco do futebol brasileiro. Após a vitória de 2x1 do Fluminense sobre o São Paulo, em jogo pelo Campeonato Brasileiro, o estádio fechou suas portas para as obras que o adequarão às exigências da FIFA e o deixarão pronto para os Jogos Pan-Americanos de 2007. E assim a geral desaparecerá para dar lugar a mais um setor de cadeiras, fazendo com que todos os lugares do estádio passem a ser sentados.

Segundo a Suderj, serão 38 mil novas cadeiras, das quais será possível ver o jogo com uma visão superior à dos antigos lugares em pé. Para isso, o gramado foi rebaixado em quase 1,5m. E a promessa é de que o preço para o setor seguirá o padrão da antiga geral, mantendo o espaço destinado ao público com menos poder aquisitivo. Mas então por que tanta gritaria pela manutenção da geral? A resposta, é claro, está em toda a mitologia e o folclore que a cercam.

- Além da questão da grana, o que tinha de melhor na geral era a palhaçada da galera – explica o rubro-negro Bruno Lessa, de 22 anos. – Aquele povo vestido de Batman, Máskara, com urubu na mão... Aquelas coisas que a gente vê pela TV, mas ali do seu lado, “zoando” contigo. Mas se via muito pescoço na sua frente, lutando pra enxergar a bola.

- Lá era bom para acompanhar os lances de emoção do jogo. Dava pra ver a expressão do jogador quando entrava driblando dentro da área, ou entrava cara a cara com o goleiro – conta o estudante de comunicação Victor Paschoal, botafoguense que foi à geral uma única vez, na derrota de seu time para o Juventude na final da Copa do Brasil de 1998 acompanhado de nove não-botafoguenses. - Já tinha o papo de que a geral ia acabar, o ingresso custava um real e a gente decidiu ir lá, conhecer antes que terminasse.

De fato, não é a primeira vez que se fala na extinção da geral. O setor já esteve fechado por anos, com a justificativa de não se adequar às normas da FIFA, que não permitem lugares em pé. Foi reformada e reaberta em 2001, mas alguns projetos de reformas no estádio que não saíram do papel decretaram algumas vezes seu fim definitivo. Se falou até em usar seu espaço para uma pista de atletismo, o que transformaria o Maracanã em um estádio olímpico – projeto que foi abandonado quando se chegou à conclusão de que, com as dimensões do gramado, um arremessador de dardos de nível internacional, por exemplo, acabaria acertando o público das cadeiras.

Com a reforma atual, prevista para ser concluída até o final deste ano, o estádio ganhará ainda novos acessos às arquibancadas, novos placares, banheiros e vestiários reformados, 60 câmeras de segurança e mais 2 mil vagas de estacionamento, praticamente dobrando o número atual. A imprensa também será contemplada pelas obras, que criarão 36 novas cabines de rádio e TV.

Parte de tudo isso já pôde começar a ser observado a partir da vitória de 5x3 do Botafogo sobre o Vasco, pela terceira rodada do Campeonato Carioca, quando o estádio foi reaberto com o público tendo acesso apenas às arquibancadas. Quando for reinaugurado por inteiro, o Maracanã passará a ter 95 mil lugares, tornando-se o terceiro maior estádio do Mundo – atrás do Azteca, na Cidade do México, com 114 mil lugares, e do Camp Nou, do Barcelona, com 98 mil. Até o ano passado, o estádio era apenas o 16º colocado, com capacidade para pouco menos de 70 mil pessoas, já que a geral não era mais aberta em sua totalidade por motivos de segurança.

Mesmo com essa limitação de capacidade, nos últimos tempos freqüentar a geral exigia uma boa dose de disposição e coragem. Não eram incomuns os “arrastões”.

- Além disso, você tinha que ficar o tempo inteiro desviando de objetos e sacos de urina lançados da arquibancada. Eu ia lá assim que cheguei ao Rio porque o dinheiro era pouco. Mas assim que pude, passei a só assistir os jogos lá de cima – conta o porteiro Antônio Carlos, rubro-negro de Alagoas que chegou à Cidade Maravilhosa na década de 80.

Nem sempre foi assim. O engenheiro aposentado José Augusto conta que, há 50 anos atrás, as coisas eram bem diferentes.

- Acontecia muito, a gente acabava de almoçar e meu pai virava pra mim e perguntava: “Zé, vamos ao jogo?” E a gente ia. Morávamos perto do Maracanã e íamos de geral simplesmente porque era mais rápido de entrar, não tinha que subir aquelas rampas para a arquibancada. Não tinha confusão, não tinha nada. De vez em quando eu gozava da cara de algum vascaíno, quando saía gol do Flamengo, e meu pai falava pra eu me controlar. Mas nunca saiu uma briga. Nem na arquibancada tinha divisão de torcidas naquela época.

Com as mudanças, o espaço pode voltar a ser um lugar mais tranqüilo e seguro – mas talvez perca também muito da espontaneidade que era sua marca registrada e fazia a alegria dos câmeras de TV, à procura de imagens curiosas para ilustrar as transmissões.

- Comemoração de gol na geral era muito mais emocionante. Você saía correndo em qualquer direção, se perdia dos amigos e depois voltava pro mesmo lugar e reencontrava. Por isso, o geraldino sempre era o último a saber quando um gol era anulado, muito tempo depois você ainda via os torcedores comemorando... Era todo mundo muito guiado pela emoção mesmo. E pela arquibancada. Como não dava pra ver o jogo direito, se o pessoal de cima comemorasse é que a gente sabia que a bola tinha entrado – conta o estudante de informática Tulio Soriano, torcedor do Fluminense que acompanhou a geral em sua fase final, indo aos seus últimos jogos em 2005. Inclusive na despedida, onde se via um geraldino tricolor segurando seu cartaz para a TV: “Geral! Patrimônio mundial, abençoado por Deus, João de Deus e Bento XVI“.



• A geral foi o Maracanã

O Maracanã vem sendo utilizado, durante as reformas, com a geral fechada. Ver o estádio sem os torcedores poderem acessar o setor não é incomum – isso já aconteceu diversas vezes, por obras ou motivos de segurança. Mas houve um período em que a geral foi o único setor aberto do estádio.

Isto aconteceu em 1999, quando estavam sendo colocadas as atuais cadeiras nas arquibancadas do estádio para o primeiro Mundial Interclubes da FIFA. O Fluminense jogava a fase final da Série C e mandou seus jogos no Maracanã, apenas com a geral funcionando.

- A geral ficou realmente lotada, a Young Flu toda enfeitada... E foi uma das piores chuvas que peguei na vida – conta o advogado Leonardo Mahfuz, que assistiu à vitória de seu time sobre o Náutico por 2x1. O público oficial da partida foi de 11.582 pagantes.



• Na torcida adversária

Graças ao preço baixo, não era incomum ver pessoas indo ao estádio para fazer companhia a amigos torcedors de outros clubes, em jogos em que seu time nem entraria em campo.

- Conheci a geral assim, indo assistir a um jogo do Vasco com um amigo meu e o cunhado dele. Era muito barato e foi bem tranqüilo, depois da experiência voltei lá para ver jogo do Flamengo – conta o engenheiro Max Junqueira.

- Ele se comportou bem, como flamenguista em território inimigo. O Vasco perdeu e ele podia ter perturbado bastante, mas meu cunhado vascaíno incomodou muito mais xingando o Felipe – completa o designer Felipe Caldas, o amigo vascaíno, se referindo à instisfação do companheiro de torcida com o lateral e meia que atualmente joga no Oriente Médio.

Um caso diferente foi o do vascaíno Francisco Netto. Com o custo popular do ingresso, ele se animou a ir à geral torcer pela Cabofriense contra o Botafogo, um resultado que interessava ao seu time no Estadual de 2005.

- Acho que eu era o único torcedor da Cabofriense no Maracanã – diverte-se o secador, que saiu satisfeito com o 3x3 que classificou o Vasco para as semi-finais da Taça Rio.