28 abril 2006

Todo mundo já sabia

Dos times brasileiros na Libertadores, o Inter parecia mesmo o que se classificaria com mais tranquilidade para as quartas-de-final. Foi o de melhor campanha na primeira fase e, além disso, pegou agora um adversário ao qual já havia se mostrado claramente superior.

Mas olha, durante todo o primeiro tempo a falta de objetividade do time gaúcha fazia parecer que este favoritismo poderia ir por água abaixo. O colorado é mesmo um time que sabe rolar a bola - quase não erram passe, é impressionante. E é impressionante como não conseguem criar nada com tanto passe certo. As suas únicas jogadas agudas são as bolas altas na área, o que o torna um time óbvio e fácil de neutralizar na maior parte do tempo. O Nacional abrira o marcador e era sempre mais perigoso - mas aí Jorge Vágner mostrou de novo sua importância pra esse time ao empatar, no último lance do primeiro tempo, cobrando falta. Pra um time que pouco cria com a bola rolando, a bola parada acaba sendo fundamental.

Está faltando ao ataque do Inter o futebol do Rafael Sóbis. Ele parece não ter voltado das férias ainda. E foi com ele saindo e o Rentería entrando que o panorama do jogo se modificou. O colombiano dá ao time essa opção de jogada mais vertical, além de chutar de fora da área (coisa que o resto do time não faz, nunca). O Inter virou, depois soube segurar o jogo mesmo chegando a ter dois jogadores expulsos e, como já se previa, deve mesmo ser o time brasileiro que irá se classificar mais facilmente para a próxima fase da Libertadores.

27 abril 2006

Menos quantidade, mais qualidade

No Campeonato Brasileiro do ano passado surgiu a estatística: o jogador que mais chutava a gol, entre todos de todos os times, era o Renato, meia do Flamengo. Ele fez lá seus gols, vários importantes, mas ainda assim irritava a maior parte da torcida do Flamengo. O cara chutava de tudo que é lugar - da bandeirinha de escanteio, do meio do campo, do banco de reservas, de onde fosse. E pra onde fosse.

O que estamos vendo esse ano é um Renato mais consciente. Se fizerem a mesma estatística, dificilmente ele vai aparecer novamente lá em cima. E seu belo chute, agora sendo usado apenas quando deve, vem chamando cada vez mais atenção.

Não foi nem o caso hoje em um Maracanã de público decepcionante; seus dois gols foram de centro-avante. Como também foi o do Jônatas. E o do Obina - que, no caso, é centro-avante mesmo. Este, desde que reapareceu mais magrinho, começou a se candidatar a sombra do não tão magrinho e muito menos disposto Ramirez.

Enfim: depois de um primeiro tempo lamentável em todos os aspectos, o Flamengo jogou bem na segunda etapa, quando estava com a bola. Sem a bola, deu uma penca de chances para o Atlético-MG, que é um time fraco e sem a menor capacidade de conclusão. Os mineiros agora precisam de um milagre, que ninguém deve estar acreditando muito que possa acontecer. E, se o adversário na semi-final for o Ipatinga, como parece provável, três informantes já foram contratados com antecedência.

25 abril 2006

24 abril 2006

Queimaram minha língua...

...e o Leão caiu. A declaração dele, depois de ser demitido do Palmeiras:

"Minha prioridade é continuar no futebol paulista."

Bom, ele não vai voltar pro Palmeiras. Estaria pensando nos cargos do Luxemburgo no Santos, ou do Muricy no São Paulo? Se está, irá esperar sentado. Quem sabe esteja a fim da Ponte Preta ou do São Caetano? Talvez algum dos representantes do estado na série B...

É óbvio que a declaração se referia ao Corinthians, de seu amigo há 30 anos Ademar Braga. De qualquer forma, todo técnico de grande clube brasileiro que balançar no cargo terá daqui pra frente que enfrentar a sombra de Emerson Leão.

Ainda está só começando, mas...

...tivemos mais uma rodada com resultados no mínimo razoáveis para os times do Rio, contra todas as previsões.

O piorzinho, é claro, foi o do Botafogo - o único que não ganhou. Ainda há aquela mentalidade de que empate fora de casa é bom, mas se o time quer levar a sério as previsões pouco realistas que falavam de "melhor time do Rio" e até em disputar vaga na Libertadores, não pode jogar como jogou ontem. Lento, trocando passes sem objetividade, marcando de longe - enfim, o time carioca do estereótipo. Com um meio-campo abaixo de medíocre, chegou ao ataque sempre com pouca gente e deixou o time do Paraná dominar o jogo completamente. Time este que é até organizado, mas muito fraco tecnicamente - e só por isso, além de ter perdido um pênalti, deixou de sair com a vitória. Para eles, que jogaram em casa contra um adversário como o Botafogo de ontem, o resultado foi muito ruim mesmo.

O Vasco, depois de empatar em casa, conseguiu uma boa vitória fora de casa. Apesar da tão decantada fragilidade de sua defesa, que ontem não fez jus à má fama, o Vasco poderá fazer algumas graças ao longo do campeonato quando puder jogar atrás para explorar os contra-ataques. Seus principais jogadores ofensivos, Moraes, Valdiran e Edílson, são muito mais de carregar a bola do que de passar e só conseguem criar quando têm espaço. Toda vez que tentou sair pro jogo, o time afunilou as jogadas de maneira até irritante e nada conseguiu. A Ponte mostrou mais organização e até mais técnica do que o Vasco; rondou a área adversária com frequência, mas não teve nenhum poder de fogo.

Do Flamengo eu não vi o jogo, mas soube que o Waldemar Lemos sacou o lateral André no meio do primeiro tempo, pressionado pelas vaias da torcida ao jogador - que atuava tão mal quanto de costume, nenhuma novidade. O Juan ficar no banco para o André é mesmo um despropósito, mas uma substituição feita dessa maneira só faz tirar a moral do treinador com os jogadores, que ficam mais inseguros. Quer dizer que cada vez que eu der uma furada e a torcida vaiar eu vou poder ser substituído? Ainda mais depois do episódio do afastamento do Fernando pelo Kléber Leite, depois do treinador ter dado entrevistas garantindo a vaga dele no time.

E o Fluminense é, vejam vocês, o único time a ter vencido nas duas rodadas até agora. Não é nada, não é nada, já é alguma coisa.

23 abril 2006

Renato não foi o primeiro

Lendo o blog do Juca Kfouri, descobri que definitivamente Renato Gaúcho não foi o primeiro a ser técnico e colunista ao mesmo tempo. Telê Santana fez o mesmo - lá está um texto sobre a final da Copa do Brasil entre Grêmio e Corinthians com o seguinte rodapé: "Telê Santana é técnico do São Paulo e escreve na Folha aos domingos".

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Logo antes de enfrentar o São Paulo pelas oitavas da Libertadores, o Palmeiras inventa de levar de 6 do Figueirense. E agora?

Acredito que não irão demitir o técnico antes de uma partida tão importante. E uma boa vitória contra um grande rival em um jogo decisivo de competição importante é tudo o que o Leão poderia esperar pra fazer a torcida e a diretoria se esquecerem mais rapidamente do desastre em Florianópolis. Imagino a pressão que o treinador irá colocar em cima de seus jogadores, que já não devem estar exatamente tranquilos.



21 abril 2006

Voltaço-ço-ço-ço

Torci pelo Volta Redonda contra o 15 de Campo Bom, nas oitavas-de-final da Copa do Brasil. Torci como carioca e também para ter a satisfação de ver uma pequena confirmação de uma tese minha - a de que os times pequenos do Rio não são tão ruins quanto se fala na hora de criticar o futebol dos grandes. Sempre se usa como argumento o fato de nenhum deles se dar bem nem na série C, mas a verdade é que as equipes que eles montam para as disputas do segundo semestre pouco têm a ver com as que jogam no estadual, sempre inchadas de jogadores de empresários em busca de vitrine na TV. Esse mesmo Volta Redonda, por exemplo, foi vice-campeão do Rio em 2005, mas jogou a série C sem Túlio, Gláuber, Joílson, Schneider e até sem seu técnico.

Mas enfim, uma classificação em um torneio mata-mata como a Copa do Brasil não quer dizer muita coisa. Quem deve ter ficado feliz mesmo é o torcedor do Vasco. Não que o Volta Redonda seja um time pior que o 15, mas a verdade é que o clima do jogo em Volta Redonda vai ser bem mais tranquilo do que seria no Rio Grande do Sul. Mesmo que até haja uma possibilidade bem grande da torcida do Voltaço ser maioria no Estádio da Cidadania.

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Hoje morreu Telê Santana, um técnico que conseguiu ser ídolo - fato raro mesmo em equipes vencedoras. É emocionante ver até hoje a torcida do São Paulo gritar seu nome no Morumbi, mas ele é respeitado entre os torcedores de todos os clubes.

Muito disso é pelo fato de ele não ter sido só um vencedor, mas um vencedor que jogava limpo e fazia seus times jogarem bonito. Eu sempre lembro da declaração que Zico deu diversas vezes de que Telê foi o único treinador com quem trabalhou que jamais pediu a seu time que fizesse faltas para parar a jogada.

Faz falta alguém como Telê em tempos em que os clubes se estapeiam para ver quem oferece o maior salário a gente com ética duvidosa como Luxemburgo ou de filosofia de jogo bem mais, digamos, pragmática como Felipão.

20 abril 2006

Com a palavra, Renato Gaúcho:

"Nossos torcedores podem ter certeza que o time não vai passar o sofrimento de anos anteriores de brigar para não ser rebaixado. Vamos buscar coisas maiores este ano."

A declaração acima não foi retirada de uma entrevista do técnico do Vasco, mas sim de sua primeira coluna no Jornal do Brasil, publicada na última segunda-feira. Com a estréia do novo projeto do jornal, Renato passa a assinar uma coluna semanal. Não me lembro de nenhum outro técnico que tenha feito algo assim.

Nesta sua primeira coluna, depois de uma abertura desejando a recuperação do ex-desafeto Telê Santana, ele falou basicamente de seu próprio time. Tratou das perspectivas para o campeonato, do últimos jogo contra o Internacional e da hipótese de, mais à frente, vir a poupar jogadores no Campeonato Brasileiro caso o clube avance até as semi-finais e finais da Copa do Brasil. Pra quem torce pro time da Colina, é bastante interessante - e curioso, já que a influência de Eurico Miranda costuma prejudicar o acesso dos torcedores a informações sobre seu time.

Por enquanto, dá pra ler de graça no site do jornal. Mas a leitura online da edição impressa em breve passará a ser só para quem pagar pelo serviço.

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Vejam vocês que curioso: três times que nem chegaram a qualquer semi-final de turno do Campeonato Carioca já se classifcaram para as quartas-de-final da Copa do Brasil. E hoje o Vasco deve ser o quarto mal sucedido no estadual do Rio a também passar de fase.

19 abril 2006

Sobre um dos favoritos de todo mundo

Depois de perder o estadual para o Grêmio e empatar com o Vasco, o Inter finalmente fez as pazes com a torcida, vencendo o Maracaibo por 4x0 pela Libertadores. O time soube aproveitar que tinha um adversário fraco e jogou não pra vencer, mas pra golear - era importante para a moral da torcida e dos próprios jogadores.

Deu pra ver pela atuação que trata-se de um time com muitos jogadores técnicos, que sabem passar a bola. Mas a verdade é que, em boa parte do tempo, não soube ser objetivo o bastante para furar a retranca venezuelana e criar chances de verdade. Contra o Vasco, segundo comentários que li, já foi assim: muita posse de bola, poucas oportunidades claras de marcar. É algo preocupante para quem se pretende favorito ao título brasileiro (e eu mesmo até aposto que é, baseado no campeonato do ano passado e no pouco que já tinha visto este ano na Libertadores).

Assim, durante um bom período, a única jogada do Inter eram bolas altas sobre a área. E acabou dando certo ainda no primeiro tempo graças à qualidade do Jorge Wagner para cruzar e do Fernandão para aproveitar - e ir com 1x0 pro intervalo foi muito importante. Mais tranqüilo, o time melhorou um pouco no segundo tempo, mas só chegou mesmo ao segundo gol em mais uma jogada aérea. A partir daí, os jogadores se tranqüilizaram de vez, o adversário entrou em pane e a goleada foi natural.

São estes os pontos fortes do Inter, portanto: qualidade nas bolas altas e categoria para trocar passes. E, além disso, parece mesmo um elenco com boas opções no banco de reservas - ao menos pro nível Brasil.

Fugindo da realidade

"— Poderíamos ter vencido o jogo. Criamos mais oportunidades e o gol que sofremos foi numa fatalidade. Não merecíamos perder"

Essa é a avaliação de Diego, goleiro do Flamengo, sobre a derrota de seu time para o São Paulo no domingo. É coisa pra deixar a torcida rubro-negra preocupada; enquanto o time não tiver total noção de sua mediocridade, não vai entender que precisa dar algo mais o tempo inteiro para conseguir ser competitivo durante o campeonato.

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Mas essa não foi a única peça de ficção criada por Diego publicada no Globo de hoje:

"— A queda de Mineiro não foi provocada por minha mão ou braço. Ele deu um tapa na bola na hora que eu pulei e esperou o contato para cair. Os goleiros não podem mais pular para tentar a defesa, porque é inevitável o contato. Tudo é uma questão de critério e temos que aceitar."

Diego se jogou à toa nas pernas do Mineiro e fez sim pênalti - à tôa. O jogador do São Paulo ia em velocidade em direção à linha de fundo, perdendo o ângulo, e dificilmente faria o gol. Mas não dá nem pra culpar totalmente o goleiro pela besteira; a imensa maioria dos goleiros não sabe como se portar corretamente quando um atacante chega cara a cara com ele, com a bola dominada. Normalmente caem no chão assim que o adversário fizer menção de chutar, facilitando em muito sua vida. Ou pulam nos pés do adversário, como fez Diego.

Na veradade, Diego tem muitos defeitos - inclusive limitações físicas para a posição em que joga - mas é dos melhores do Brasil neste quesito. No segundo tempo do mesmo jogo, Alex Dias entrou pela área do Flamengo em situação parecida e o goleiro fez certinho: saiu fechando o ângulo, cercou o atacante e o deixou perder o ângulo. O chute acabou na trave.

Talvez Diego tenha aprendido isso com o mesmo preparador do melhor goleiro brasileiro, que seria meu titular na Copa do Mundo. Júlio César é craque nesse tipo de jogada e evita assim muitos gols que outros goleiros levam e que ninguém acha que são frangos.

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Vi mais tarde o replay de boa parte de Grêmio 2 x 0 Corinthians. E vi que o Grêmio teve exatamente o que mais faltou ao Flamengo contra o São Paulo: atitude de vencedor. Vindo da Série B e jogando contra o campeão brasileiro, com elenco tido por todos como muito mais limitado que o adversário, o Grêmio não teve medo e jogou pela vitória. Correu o tempo todo e criou muito mais do que o Corinthians, que ficou preso na marcação - e na enorme quantidade de faltas - da defesa gaúcha. Além disso, o Grêmio ainda fez mais uma coisa que o Flamengo não conseguiu: aproveitou a chance que teve de marcar em um momento-chave do jogo e acabou conseguindo seu 1x0 no último lance do primeiro tempo.

Está só começando, foi só a primeira rodada - mas todas elas têm o mesmo peso no campeonato. Ganha no final quem tiver sabido encarar cada uma, uma a uma, com a seriedade e o espírito corretos. O Grêmio começou bem.

16 abril 2006

O que faltou ao Flamengo

Levando em consideração os dois gols perdidos pelo estreante Diego Silva, um dos que vieram com a caravana de Ipatinga, o Flamengo sentiu falta de Luisão em sua estréia. Seu substituto teve em seus pés as chances mais claras que seu time teve em todo o jogo, ambas em momentos-chave: uma logo no primeiro minuto de jogo, outra no minuto seguinte ao gol do São Paulo. E as perdeu bisonhamente.

Mas mais do que de um centro-avante, o Flamengo sentiu falta mesmo é de postura de time grande. Aparentemente, as duas goleadas seguidas na Copa do Brasil não foram o bastante pra dar ao time e ao técnico um mínimo de auto-confiança. No primeiro tempo, apesar do meio-campo povoado de cabeças-de-área, o time ainda criou três chances (um bom chute de Leonardo Moura, além das duas do Diego Silva). No segundo tempo, perdendo, o time mal passava do meio-campo. E, estranhamente, Waldemar Lemos levou mais de 20 minutos pra perceber que não estava dando certo para resolver mexer no time. Estaria satisfeito por estar perdendo de pouco?

A verdade é que um time que tem Fernando na zaga não pode deixar o adversário tomar a iniciativa do jogo. Quanto mais tempo a bola estiver por perto do zagueiro brucutu, mais tempo ele terá para arrumar um jeito de entregar o jogo. E não deu outra.

O São Paulo não teve nada a ver com a falta de centro-avante, zagueiro e postura de time grande do Flamengo. Fez um jogo razoável em que se mostrou, ao menos, consciente o tempo todo. Fabão deu uma ou duas pixotadas, Souza se mostrou muito limitado, mas no geral o time soube trocar passes, se movimentar e manter a posse de bola, sendo objetivo na hora certa. Marcou melhor e atacou melhor na maior parte do jogo. No segundo tempo o domínio foi maior e a diferença poderia até ter aumentado - houve inclusive duas bolas na trave. Mas, no fim, o que acabou decidindo o jogo foi mesmo a lambança do Fernando.

* * * *

O Fluminense, apontado como o melhor elenco do futebol carioca, estreou com um bom resultado - vitória é sempre bom, ainda mais fora de casa. O time podia ter resolvido o jogo ainda no primeiro tempo, mas fez um gol só. Aumentou no segundo, depois sofreu um gol e aí acabou passando um perrengue desnecessário no final pra segurar o resultado.

O grande trunfo do Flu ainda é Petkovic, apesar de ele ter jogado muito mal no finzinho deste jogo e ajudado na pressão paranaense. Já o Atlético... Levando em consideração a péssima classificação no estadual, a eliminação da Copa do Brasil pelo Volta Redonda e o que mostrou neste primeiro jogo, desconfio que pode ser candidato a mais organizado clube a participar da Série B em 2007.

15 abril 2006

De vez em quando eles acertam

Depois de um Campeonato Brasileiro marcado por problemas com a arbitragem, como o do ano passado, vi o deste ano começar com um acerto impressionante de um juiz. No finalzinho de Juventude x Paraná - jogo que assisti apenas aos últimos 15 minutos - um jogador da equipe paranaense invadia a área em velocidade quando foi derrubado por um zagueiro adversário. Parecia um pênalti claro, para quem via pela TV ou estava no estádio , mas o juiz marcou a falta fora da área.

Só que, no replay, percebeu-se que o único certo era o juiz mesmo. Um lance muito rápido, dificílimo. Pode-se especular se ele acertaria também se a falta fosse para o time da casa, mas o fato é que le agiu corretamente - inclusive ao expulsar o técnico do Paraná, Caio Júnior, que continuou inconformado até nas entrevistas após o jogo, quando muito provavelmente já haviam lhe soprado que as câmeras o desmentiam.

14 abril 2006

O Brasileiro começa amanhã

Palpites? Só os óbvios mesmo: São Paulo, Internacional, Corinthians. O Santos tem a vantagem de Luxemburgo como técnico, mas como elenco é de medíocre pra baixo e desconfio que esteja se enganando com o título paulista (engraçado, é o tipo de coisa que se costuma dizer dos times cariocas...). Além destes, cheguei a ver jogo completo do Goiás pela Libertadores e me impressionou bem, mas não sei se aguenta um campeonato longo, de turno e returno, disputando título.

Muito comentarista está fazendo listas completas, dividindo todos os times em favoritos ao título, postulantes à Libertadores, candidatos à Sul-Americana e ameaçados de rebaixamento. Eu não me arrisco. Quem aí realmente está vendo Fortaleza, Santa Cruz, Juventude, Paraná, Juventude e outros jogarem? Cada um acompanha pra valer o seu estado e mais aqueles que ganham mais transmissões pela TV - o resto fica na base do ouvir falar, de melhores momentos e gols em programas esportivos. Acho muito pouco pra realmente tirar conclusões, ainda mais com o futebol nivelado que temos hoje no Brasil.

Como carioca que sou, vi alguns vários jogos de times do Rio. E mesmo assim não vou dar veredito sobre as chances deles. Não entrarei no jogo de dizer que são todos candidatos ao rebaixamento sem ter uma idéia melhor do que são seus adversários. E desconfio de verdade que muitos irão se surpreender com o desempenho destes clubes no Brasileiro.

A conferir - a partir de amanhã.

13 abril 2006

Acabaram os estaduais. Acabemos com os estaduais?

Todo ano, mais ou menos na mesma época, a discussão volta a aparecer em debates e artigos da imprensa esportiva: qual a importância dos campeonatos estaduais dentro da atual realidade do futebol brasileiro? Já não é hora de deixarmos esses tradicionais torneios pra trás, em nome da modernidade?

Eu acredito que os estaduais têm sim seu lugar e sua importância. Acho que, sem eles, muitos times hoje considerados grandes em várias capitais do Brasil estariam fadados a verem suas torcidas diminuírem pelo jejum de títulos, para acabarem se tornando apenas médios. E, além disso, penso que as discussões sobre o calendário levam sempre em consideração apenas os clubes grandes e não a totalidade do mercado que é o futebol - que tem muito mais gente envolvida e tirando dele seu sustento.

Agora, peguemos a Copa do Brasil, torneio que ninguém contesta e que ontem chegou às oitavas-de-final - ou seja, quem começou agora a jogar nesta nova etapa está a poucos passos da Libertadores. O que tivemos até então foram jogos esvaziados, a não ser aqueles em que os times grandes levaram público a estádios de cidades distantes - o que é uma alegria para aquele público, mas dura um jogo só e acaba. E, mesmo para essa etapa, não se pode dizer que a expectativa seja das maiores. Fernando Calazans, colunista de um dos maiores jornais do país, publicou ontem sem nenhum pudor que só começará a prestar atenção a partir da próxima fase, sem se preocupar em soltar um comentariozinho que seja sobre os confrontos decisivos do dia. E aí?

Imagino os campeonatos estaduais curtos, como são hoje em dia, valendo não só o título como a classificação para os regionais (Rio-São Paulo, Sul-Minas, Centro-Oeste, Norte e Nordeste) que começariam em seguida. Estes, também curtos e com fórmula mata-mata, além de valerem o título classificariam para a Copa do Brasil que viria na sequência - remodelada e bem mais curta. E acabaria com o monstrengo que é a série C do Campeonato Brasileiro, um campeonato deficitário e sem solução; o time mais bem classificado de cada regional que não estivesse na série B automaticamente ganharia sua vaga (ou talvez participassem de um torneio curto para disputá-la).

Não teríamos mais as primeiras fases de Copa do Brasil com jogos desinteressantes e que rendem viagens caras, longas e desgastantes. Os estaduais ganhariam novo significado para times grandes e pequenos, por valer classificação direta para uma competição mais importante em seguida. As rivalidades locais continuariam com seu espaço. Teríamos mais jogos decisivos espalhados ao longo do ano, gerando interesse do público e da mídia. Os clubes de centros menos valorizados no cenário nacional continuariam tendo a chance de chegar a fases decisivas de uma competição nacional - na verdade, teríamos a garantia de uma Copa do Brasil com representantes de todas as regiões em sua fase final. E acabaríamos com o intervalo de meses sem jogos entre uma competição e outra que há hoje para uma grande quantidade de clubes menores Brasil afora, o que virtualmente inviabiliza um planejamento razoável para uma temporada.

10 abril 2006

Vai começar o campeonato japonês

Imaginem a cena. Início de temporada, Kléber Leite anuncia com toda pompa e circunstância o mais novo reforço do Flamengo: Edmundo. A torcida se anima e corre às lojas para comprar camisas com o número 7 às costas.

Passado o campeonato estadual, Kléber percebe que a equipe ainda precisa de melhoras no ataque e divulga o nome do mais novo contratado, aquele que será responsável por dar este salto de qualidade para a equipe: Rodrigo Tiuí.

Vocês conseguem imaginar a quantidade de piadinhas que os rubro-negros teriam que aguentar, em especial da imprensa paulista? Primeiro, um medalhão cansado, clara demonstração de falta de criatividade dos dirigentes cariocas que se agarram ao passado; depois, a aposta em uma revelação duvidosa, que teve apenas um brilhareco em um time pequeno depois de uma temporada insossa no banco do Fluminense.

Pois isso aconteceu com o Palmeiras - e aí, é tudo mais que normal. E o Palmeiras é visto por todos como candidato a repetir o feito do ano passado, conseguindo mais uma vez vaga na Libertadores.

O fato é que a discussão de nomes de reforços e jogadores dos times do Rio é totalmente improdutiva. O problema não está nos elencos - ou, ao menos, não o maior problema.

Basta ver a diferença de rendimento de determinados jogadores quando passam pelos clubes cariocas. Pergunte a qualquer rubro-negro se acreditam que André Dias, Fabão ou Fabiano seriam capazes de resolver os problemas crônicos da defesa de seu time. Se lembrar das atuações desses jogadores quando estavam no Flamengo, o torcedor com certeza vai fazer o sinal da cruz ao ouvir menção a esses nomes; mas o fato é que os três são titulares em suas equipes, fazendo bom papel na Libertadores. Tem gente que acha que o problema do Flamengo com esses e outros tantos jogadores que saíram defenestrados do clube para se darem bem com outras camisas foi simplesmente azar, macumba talvez. Eu não sou tão místico assim.

Se ouvirem de algum jogador de Botafogo, Flamengo ou Vasco que estão em clubes que têm "time para brigar de igual pra igual com qualquer um", não riam. Provavelmente eles estão certos. Jogador por jogador, a diferença é muito pequena entre 70% dos times que em breve iniciarão a luta pelo título brasileiro. Tirando as três ou quatro equipes que têm os pouquíssimos jogadores realmente diferenciados que restaram atuando no país, é todo mundo japonês - inclusive os times do Rio.