29 junho 2006

Joga bonito

Com esse negócio de não ter jogo ontem e hoje, sobra mais tempo pros comentaristas e palpiteiros falarem besteira. A falta de assunto é terrível.

E o papo besta que mais estão usando para ocupar o tempo é a discussão "jogar bonito" x "vencer". Como se uma coisa fosse o oposto da outra. Aliás, o que diabos é esse "jogar bonito" que não funciona? Eu hein.

Tirando o Renato Maurício Prado, que às vezes fala como se fosse preferível "dar espetáculo" a vencer, acho que ninguém acha pior ganhar do que ver uma sequência de jogadas de efeito com uma derrota no final. Isso é uma besteira. É claro que todo mundo quer ganhar, a Copa não é torneio de exibição e nem a Seleção é os Globe Trotters.

O que eu pelo menos esperaria é que jogássemos bem - simples assim. Não é pra equilibrar a bola no nariz, fazer tabelas de calcanhar ou gols de duplo-twist-carpado (o popular Dos Santos). Só "jogar bem", ou seja: não dar a impressão de que a vitória está vindo por acaso ou, como vem acontecendo, porque o adversário é muito fraco. Quero ter a impressão de que ganhamos porque somos bons e que, no próximo jogo, mesmo contra um bom oponente, ganharemos de novo se jogarmos da mesma forma.

"Espetáculo é vencer", beleza. Mas não adianta esse espetáculo da vitória irritante agora pra depois perder mais a frente quando cruzar com um adversário de verdade. E a verdade é que passamos perrengues contra os poderosos ataques da Austrália, Croácia, Gana... Não é só uma questão de dificuldade de fazer gol lá na frente não. E ficar achando que está tudo bem só porque vencemos os zés manés com quem cruzamos não ajuda em nada.

Parece que o povo por lá tá achando que as vitórias virão por inércia.

* * * *

Relendo o que escrevi sobre o Brasil x França, talvez pareça que tenho mais medo da França do que realmente tenho. Acho que temos mais chance de ganhar do que eles.

Aí é que está: dessa vez eu acho que temos mais chance, e não toda a chance. Perder para qualquer um dos que jogamos até agora era impensável. Dessa vez, não é. Acho que o mais provável é que o Brasil passe, mas se não passar não é surpresa nenhuma. Diria que as chances são 55-45, talvez.

Não estamos jogando bem, mas também ainda não precisamos. Mais ou menos como está acontecendo com a Inglaterra, aliás; talvez seja bom colocar as atuações fracas até agora em perspectiva. Dessa vez, deveremos precisar de um tanto mais pra vencer. Assim como acho que a França deve fazer seu melhor jogo até agora, acho o mesmo do Brasil.

28 junho 2006

Brasil x França

Engraçado como os comentários sobre o 3x0 em cima de Gana estão negativos. Foi 3x0!

Fizemos um gol logo no início e, a partir daí, foi só administrar. Gana de cara mostrou que não ia saber complicar o jogo, mesmo tendo mais a bola. Insistiram só pelo meio, o tempo todo, facilitaram o trabalho da defesa e acabaram finalizarando pouco em condições de marcar mesmo. E, quando o fizeram, foram mal. E, claro, o Dida foi bem (além de dar sorte).

E, além disso, os africanos montaram a pior defesa em linha que já vi na minha vida. Era só o Brasil acertar dois passes seguidos e entrava alguém na cara do gol.

Mas jogamos mal mesmo, erramos demais com a bola, e por isso foram poucas as vezes em que acertamos os tais dois passes seguidos. Isso até o finzinho do jogo, quando eles ficaram com um a menos e Ricardinho entrou. Aí ele desandou a colocar gente de frente pro goleiro, uma vez atrás da outra, e a goleada poderia ter sido por 4, 5 ou 6.

Foi uma vitória tranquilíssima, mas o time realmente não parece estar melhorando (tirando o Ronaldo). Ronaldinho e Kaká fizeram seu pior jogo, Roberto Carlos continua horroroso... Enfim.

Teremos o primeiro teste pra valer contra a França. Podemos ganhar, até somos mais time sim, mas é complicado. Sei não.

Acho isso porque:

a) Eles sim estão melhorando de jogo pra jogo, como eu já dizia. Contra a Espanha, foi o melhor jogo - contra o melhor adversário. Devem jogar melhor ainda contra a gente.

b) Não costumamos ganhar deles. Não levo nem em conta o time de 86, isso não tem nada a ver, eram outros jogadores, outra época. Mas tivemos três jogos contra o Zidane; perdemos a final da Copa e um jogo em Copa das Confederações e empatamos um amistoso. Eles não abaixam a cabeça pra gente - que é a vantagem que costumamos ter contra 95% dos adversários.

c) Eles são acostumados a ganhar. Tem jogador ali que já foi campeão do Mundo e campeão europeu com a seleção. Ou seja: não se emocionam com a chance de resolver um jogo, de ir em frente. Sabem acertar na hora de definir os lances e ganharem os jogos. E é isso que mais conta em Copa do Mundo. E aliás é o que mais contou pra Espanha rodar. Eles, ao contrário, estão acostumados a perder.

d) Sei lá, o Zidane é sinistro. Acho que ele já foi (não sei se é) mais jogador do que qualquer um dos nossos que lá estão chegou a ser até hoje. Se vai resolver ou não na hora H, só esperando pra ver. Nessa Copa mesmo ele já jogou bem, já jogou mal. Mas o negócio, vou repetir pra dar ênfase, é que ele é sinistro.

Todo mundo estava desdenhando da França e ela tá aí. E, se ganhar, pra mim não é surpresa nenhuma. Não precisa de convulsão de ninguém no nosso time pra isso.

O que me dá mais confiança no jogo é o clima de revanche da parada. Pode fazer com que a gente entre mais concentrado no jogo, corra mais e erre menos.

Itália x Ucrânia

Esse é o único jogo em que pode dar uma zebra de verdade nessas quartas-de-final.

Mas vocês devem se lembrar que a Ucrânia era minha aposta de zebra entre os semi-finalistas. Pode acontecer. A Itália mostrou contra a Austrália que está disposta a dar chance ao azar.

Porém, já acho que minha zebra alternativa lá de antes de tudo começar, Portugal, é que deve ocupar esse lugar. Depois daquele lamentável Ucrânia x Suíça, não tá dando pra imaginar esse time avançando não.

E ainda acho a Itália um bom time. O primeiro tempo contra os australianos foi bem tranquilo e o que acabou mudando tudo foi a expulsão do Materazzi.

O que bota tudo a perder é o técnico, que parece ter um gosto estranho pra jogadores. Não é possível o horroroso Iaquinta entrar todo jogo, enquanto Toni sai, Totti fica no banco, Inzaghi não entra.

Além disso, é possível que o time entre com a terceira opção de zagueiro em campo, devido à contusão do Nesta e a suspensão do Materazzi. De repente o que entrar pode não ser tão seguro e dar mole pro Shevchenko. Quem sabe.

Mas isso é tentar inventar uma maneira de dar algo de diferente aí. Acho que a Itália nas semi-finais é barbada.

Portugal x Inglaterra

Se aqui já reclamam do Brasil por ganhar e não convencer, o que dizer da Inglaterra? Proporcionalmente, eles estão apresentando ainda menos do que prometiam do que nós.

Time chato, que se resume a bolas longas ou chuveirinhos - embora no último jogo, sem Crouch, não tenham tentado muito isso. E que, ainda por cima, não demonstra vontade de vencer. Não vibram, não correm, nada. Tirando Rooney, que contra o Equador começou a jogar de verdade e a mostrar porque é a grande esperança da torcida. Talvez a salvação esteja nele mesmo.

Engraçado como estamos vendo por toda Copa volantes que aparecem de trás para concluir e definir os lances. Vemos isso na Argentina, no Brasil... Mas na Inglaterra, com seus badalados Lampard e Gerrard, nada. É um time estático, que não abre espaços e não permite que esse tipo de jogada aconteça.

Em Portugal, acontece com Maniche. E isso é só mais um dos aspectos que fazem do time português a antítese dos britânicos. Os lusos correm, se atiram, vibram. Até batem. Mas enfim, se mostram interessados de verdade.

Contra a Holanda tiveram um verdadeiro teste, e passaram no melhor estilo Felipão. Foi o tipo de jogo que o técnico cansou de ganhar com seus times aqui. Não foi um futebol bonito, nem mesmo sempre eficiente; poderiam ter perdido, não custava nada. Mas bem ou mal estão ganhando, estão concentrados e estão melhorando de jogo pra jogo.

Se fosse um jogo entre os dois times inteiros, agora, apostaria em Portugal sem medo. Porém, Portugal vai ter que enfrentar o maior desgaste depois da última batalha e os desfalques de jogadores importantes como Deco e talvez Cristiano Ronaldo. Além disso, nunca se sabe; a Inglaterra tem seus jogadores capazes de decidir num lance.

Não vejo então um grande favorito - e, no bolão, a Inglaterra chega até a final.

Mas se tivesse que apostar hoje, diria que dá Portugal.

(Aliás: acertei 7 dos 8 nas quartas. Só errei Portugal.)

24 junho 2006

Alemanha x Argentina

Taí um jogo sinistro, muito sinistro.

A vitória alemã hoje sobre a Suécia foi bastante impressionante. O 2x0 não chega perto de definir o que foi o jogo, embora os suecos tenham perdido um pênalti (de maneira bisonha, parecia um americano tentando um field goal). Era pra ter sido uma goleada, não fosse o goleiro sueco ter fechado o gol. A Alemanha melhora a cada jogo, a torcida deles acredita mais a cada jogo e, a cada jogo, fica mais difícil imaginá-los perdendo.

Mesmo sendo pra Argentina. Ainda mais depois do perrengue diante do México. Mas a Argentina é a Argentina. Eles às vezes conseguem coisas que até Deus duvida, mesmo quando não parecem ter time pra isso. E dessa vez, acho que eles até têm.

No meu bolão (aliás, 22 pontos atrás por enquanto - mas prevejo uma vitória por entre 20 e 30 pontos de vantagem) coloquei Argentina.

Mas se fosse hoje, apostaria na Alemanha.

Espanha x França

Não é bom descartar a França, como muitos têm feito.

Pode parecer piada, mas o time vem melhorando a cada jogo. A estréia foi ridícula; no segundo jogo, conseguiram ao menos um primeiro tempo razoável; e o terceiro jogo, ok, foi contra Togo - um time fraco e desinteressado, capaz de ameaçar greve em uma Copa do Mundo - mas foi já bastante aceitável. O time criou e perdeu muitas chances e conseguiu vencer sem sustos.

Seria porque Zidane não jogou? Porque finalmente o técnico atendeu aos apelos e lançou Trezeguet, dando uma referência na área para o ataque? Porque perceberam que a situação tava preta e resolveram jogar sério? Ou simples evolução natural?

Acho que talvez um pouco de tudo - tenho dúvidas apenas quanto a Zidane. No pior jogo do time, a estréia, ele não foi mal. Colocou seus companheiros na cara do gol várias vezes; tivessem aproveitado uma ou duas, teria sido o nome do jogo. Já contra a Coréia, se arrastou em campo. Vamos ver o que arruma neste que pode ser o seu último jogo na carreira.

A Espanha teve uma atuação muito boa contra a Ucrânia, mostrando marcação por pressão, muita mobilidade e toque de bola. Contra a Tunísia foi pior, entraram meio convencidos em campo, mas ao menos mostraram tranquilidade depois de sofrer 1x0 e poder de recuperação - o que é importante para um time espanhol, já que eles são reconhecidos por amarelarem quando o bicho pega. Jogo por jogo, é claro que mostraram muito mais que os franceses.

Mas sei não. Acho que o excesso de confiança é um perigo para a Fúria e é bem capaz do Brasil reencontrar Zidane e companhia nas quartas-de-final. E acho ainda que são dois times que podem perfeitamente nos complicar a vida na próxima fase.

Suíça x Ucrânia

Taí um confronto em que não consigo apontar favorito, fazer aposta, nada.

A Suíça ainda é o único time a não sofrer gols nessa Copa. Caiu em um grupo fraco, provavelmente o mais fraco da competição, mas o fato é que mereceu os resultados que conseguiu. A pior partida foi contra a França, mas isso se explica pelo fator estréia e talvez pelo respeito que a camisa dos franceses ainda impõe (ou impunha até aquela estréia). No ataque, é mais um daqueles times organizados mas sem grandes lampejos de imaginação. O centro-avante Frei se coloca bem na área e é oportunista para aproveitar cruzamentos e rebotes.

A Ucrânia foi uma grande decepção na estréia. Compensou um pouco contra a ridícula Arábia Saudita e depois enrolou contra a Tunísia. Me parecem menos competentes na defesa do que seu adversário, mas no ataque tem Shevchenko, que vem melhorando fisicamente de jogo pra jogo.

Sei lá. Não arrisco nada. Os dois são, junto com Portugal, os candidatos a surpresa-européia-que-chega-à-semifinal. Embora não acredite que algum deles seja capaz de bater a Itália na próxima fase.

23 junho 2006

Brasil x Gana

Cês repararam que o Parreira escalou no último jogo quase que exatamente o time que eu gostaria de ver como titular? O meio-campo foi em cheio, no ataque também (embora eu tivesse dúvidas em escolher entre Ronaldo e Adriano, entre o melhor e o mais inteiro).

E foi o que se viu. Por mais que digam que o Japão é fraco, ele não se mostrou nos outros jogos muito pior do que Croácia e Austrália, contra quem passamos perrengue antes. Ofensivamente, o time produziu 300% mais do que nos outros dois jogos juntos. Tirando Kaká (sumidão), o resto do time inteiro rendeu mais.

É pena que o Japão tenha feito seu gol no primeiro chute que acertaram a Copa inteira. Fica como álibi pro Parreira (e pra muito comentarista por aí) dizer que o time fica mais aberto com essa formação. Embora a Austrália tenha tido muito, mas muito mais chances de marcar do que o Japão. Mas os caras perderam gol até sem goleiro, aí todo mundo saiu falando que o sistema defensivo estava bem.

Bem, o gol deles começou realmente pelo lado do Cicinho. Acontece. Mas o erro fatal mesmo foi do Lúcio, que não marcava ninguém e levou a bola nas costas. O Lúcio que é justamente um dos poucos que eu não queria ver em campo que o Parreira não mexeu.

Seja como for, tá na cara que pras oitavas volta tudo ao que era antes. O máximo que pode acontecer, se é que vai, é o Robinho se manter no time. Fora isso, chance zero. O Parreira deixou isso bem claro quando começou a avacalhar o jogo, lançando Ricardinho e até Rogério Ceni. "Isso aí não vale nada", foi o recado claro. Pode até ser que eu me engane, tomara, mas não acredito.

Gana é um time que corre muito, sabe se defender e parte pro ataque com muita velocidade. Se a tal correria do Japão era preocupante, nosso técnico não sabe o que o espera neste próximo jogo.

Mas acho bem pouco provável que consigam ganhar, mesmo que o Brasil volte a jogar pedrinha como nos dois primeiros jogos, por uma razão simples: eles perdem gol demais.

Estou curioso pra ver também se os africanos não respeitam ninguém mesmo, como gostam de dizer por aí, ou se a camisa vai pesar.

Itália x Austrália

Como vocês sabem, minha aposta no bolão é Itália campeã.

Continuo achando que as chances de isso acontecer são boas.

Trata-se do time com a melhor defesa desta Copa. Uma zaga muito boa mesmo, um grande goleiro. Se fecham muito bem.

E no meio, pra sair pro ataque, têm um volante e um meia com técnica bem acima da média, Pirtlo e Totti. Para servir no ataque um dos centro-avantes que vi jogar melhor até agora, o Toni (embora não esteja entre os artilheiros).

A Austrália é um time chato. Na defesa se colocam bem e sabem usar o físico privilegiado - além de baterem muito. E no ataque, também se colocam bem e também sabem usar o físico. Quando precisa de gols, Hiddink manda pra área adversária dois ou três gigantes ao mesmo tempo. E se com a gente Ronaldo e Adriano são unanimidade a essa altura ("não dá certo", "pensam igual", "ocupam o mesmo espaço"), com eles o amontoado de grandalhões causa sim problemas pros adversários.

Mas é difícil de imaginar os socceroos avançando. Acho que já fizeram o seu papel.

Portugal x Holanda

Taí o jogo mais interessante que as oitavas-de-final nos reservam.

Portugal está melhorando de jogo pra jogo. Contra o México, embora em parte tenha sido dominado e passado sufoco, teve momentos muito bons, tocando bem a bola, se movimentando e errando pouco passe. Talvez tenha ajudado para isso a ausência de Cristiano Ronaldo. Este, sempre que pega na bola, tem que dar uma pirueta, rodar sobre a bola e sorrir para as câmeras antes de efetivamente começar a jogar. Mas vá lá, tecnicamente é difícil barrá-lo de um time como Portugal. Seja como for, o grande criador do time ainda é Figo (embora tenha ido mal no último jogo).

E há o fator Felipão. Goste ou não goste dele - eu não gosto. Como eu já disse, o tal fator começou a aparecer já no sorteio dos grupos.

Mas não apareceu na hora de definir o primeiro adversário de mata-mata. Eu até esperava mais da Holanda, mas ainda assim é um time complicado de se enfrentar. Contra a Argentina deu pra ver o poder que pode ter sua marcação sob pressão. E tem Robben, carinha enjoado de se marcar. Acho que é mais time que Portugal. E é a minha aposta.

Mas vejam que observação interessante do Casagrande: todos os times até hoje que eliminaram a Holanda chegaram à final da Copa. A não ser quando a própria Holanda chegou lá, é claro.

Olha o fator Felipão aí.

Argentina x México

"Futebol é uma caixinha de surpresas", como já dizia o filósofo. Então, nunca dá pra garantir nada.

Mas, em princípio, as chances do México são muito, mas muito pequenas.

Mesmo contra a Holanda, quando não ganharam (e pouparam alguns titulares importantes, por mais que gente como Messi e Tevez entre em seus lugares), os argentinos mostraram sua força. Defendem bem, raça o tempo todo e têm o melhor toque de bola da Copa. Acho que o que mais me impressinou neles é como os volantes ajudam no ataque, vindo de trás para aparecer nos espaços vazios que a movimentação na frente cria. E batendo sempre bem em gol.

O México é um time arrumadinho, mas sem imaginação. Cria pouco, por mais que tenha a bola. E contra Portugal ainda mostrou que, quando cria chances, tem propensão a desperdiçar.

20 junho 2006

Inglaterra x Equador

Owen saiu machucado hoje logo no início do jogo contra a Inglaterra. E com isso, lá estava Crouch de volta. E sua gigantesca presença na área adversária faz com que o resto do time fique jogando bolas altas sem parar.

É um desperdício, para o time que a Inglaterra tem - ou pensava ter.

O Equador foi uma surpresa, mas uma meia-surpresa. Ganhou bem de times fracos e, na hora do primeiro teste de verdade, perdeu feio - mas jogando com um time misto.

Será que pode dar um susto no adversário favorito?

Eu até acho que pode.

Não vai deixar de ser zebra, mas não vou ficar surpreso demais não.

Alemanha x Suécia

Embora não tenha jogado bem ainda nessa Copa, tenha até agora mostrado pouca imaginação no ataque e provavelmente vá jogar sem Ibrahimovic, a Suécia é um adversário perigoso.

Simplesmente por ser um dos poucos times daqueles de fora do grupo dos campeões que não se intimida com camisa. Já mostrou isso contra o Brasil em outras oportunidades e voltou a mostrar hoje, contra a Inglaterra.

Também mostrou que a idéia é insistir na bola alta sem parar. E que conseguem ser mais perigosos nisso do que a média.

Mas a Alemanha tá mostrando confiança, autoridade, personalidade, raça. Joga em casa. E é a Alemanha. Deve passar.

18 junho 2006

A virada vem a partir das oitavas

Vocês se lembram do "melhor ataque do Mundo" montado pelo Flamengo, há anos atrás, com Romário, Edmundo e Sávio?

O técnico era Washington Rodrigues, comentarista que foi pra beira do campo qualificado por ser rubro-negro e amigo do presidente do clube (além, é claro, de ter seu conhecimento de futebol). E ele resumia assim a sua estratégia: "é só arrumar lá atrás, porque depois é mandar a bola pra frente que os três tenores resolvem".

Lembrei dele hoje quando vi o Parreira dando entrevista depois do jogo, explicando as alterações que fez no intervalo e que pra ele melhoraram o time. Coisas sobre cobertura ao Cafu, porque fulano e sicrano da Austrália tavam criando problemas por ali... Enfim. O problema era lá atrás, pra ele. E, aliás, ele já disse que o negócio é ajeitar a defesa, porque ofensivamente ele não tem muito o que fazer. "É só deixar eles jogarem que eles resolvem", diz o técnico referindo-se ao povo lá da frente. O quarteto.

É óbvio que o Parreira não é o Washington Rodrigues, a Seleção não é o Flamengo e que a Copa do Mundo pouco tem a ver com as competições que o rubro-negro disputava. Mas o fato é que a idéia do nosso técnico é a mesma simplista do Apolinho na época: se a gente não levar gol, vai ganhar - porque em algum momento um dos quatro vai dar um jeito de fazer um golzinho pelo menos. Vi uma entrevista do Juan em que ele falou isso aí quase que com essas mesmas palavras.

Até agora, estamos vencendo assim. E foi mais ou menos isso que aconteceu na Copa de 94.

Nos pênaltis, no sufoco, podíamos ter perdido assim como ganhamos - mas o fato é que ganhamos, é o que tá na História. Deu certo.

Só que eu acho que a zaga na época, com Aldair e Márcio Santos, era bem mais segura que a atual, embora pareça que tá todo mundo tranquilo com o Lúcio lá atrás. O Taffarel não dava sustos como o que o Dida deu hoje - e que não foi surpresa nenhuma, ele sai mal mesmo e volta e meia vai mandar uma dessas. Nossos laterais, Jorginho e Leonardo (depois Branco) davam muito mais opção de jogada pelas laterais do que os atuais. E os dois volantes, Dunga e Mauro Silva, pareciam muito mais intransponíveis do que os de hoje. Mas o que eu acho que é a maior diferença mesmo é que os adversários desta Copa me parecem mais fortes do que os da época.

Mas vá lá, hoje são quatro solistas ao invés dos dois da época para resolver - embora pareça que alguns (a maioria?) deles não estejam bem, eles podem sim resolver em um lance a qualquer momento, sempre. E é comum em Copa do Mundo que o campeão não seja aquele que impressionou nas primeiras rodadas. Então, quem sabe? Pode dar certo até o fim.

Mas acho que, a essa altura, todo mundo já se deu conta de que aquele mega-favoritismo do Brasil era obra de ficção.

* * * *

Toda a imprensa conhecia nossos jogadores, sabia como estavam em seus times, via nossos treinos todos os dias. Assim como havia acompanhado os jogos todos das eliminatórias, os amistosos, enfim. Com toda essa informação, diziam que estava tudo bem, não tinha pra ninguém, iríamos chegar e passar por cima.

Dois jogos depois, contra adversários bem mais fracos, agora todos descobrem, repentinamente, que esse ataque nunca vai dar certo, que o Ronaldinho tá fora de posição e não rende a mesma coisa na Seleção, que o Roberto Carlos é burocrático, que o time é estático, que...

É mole?

17 junho 2006

Tá só começando mesmo

Vejam vocês como são as coisas.

Todos elogiaram, e muito a República Tcheca depois da estréia contra os Estados Unidos. Já se previa um confronto dificílimo pro Brasil nas oitavas - até contra a Itália, porque os tchecos tinham pinta de , de repente, pegar o primeiro lugar do grupo.

E o que vemos hoje?

Gana, se tivesse um mínimo de jeito pra chutar, teria dado uma goleada absurda hoje. Claro que também atrapalhou ter pela frente o considerado melhor goleiro do Mundo, mas mesmo assim... Os caras têm que perder 17 gols feitos pra cada um que conseguem marcar.

Com certeza atrapalhou e muito aos tchecos terem levado um gol com menos de um minuto de jogo. Com isso, Gana pôde se colocar mais atrás e não dar ao adversário espaço para o seu ponto forte, as jogadas em velocidade. A alternativa seria o jogo aéreo, mas sem o grandalhão Koller, machucado, ficou mais complicado. E, no segundo tempo, parece que bateu o cansaço - o que só piorou quando o time ficou com um a menos. A partir dali, a República Tcheca foi um time totalmente entregue. E vão ter que arrumar forças pra conseguir um bom resultado contra a Itália se ainda tiverem planos de passar de fase.

Seja como for, ainda está pintando um jogo difícil nas oitavas para o Brasil. Seja com quem for.

* * * *

Portugal não dá a menor pinta de poder ir muito longe. Depende muito de Figo - apesar de muitos não acreditarem nele, todos os gols portugueses até agora saíram de jogadas suas.

E Cristiano Ronaldo é dos jogadores mais presepeiros que eu já vi jogar.

16 junho 2006

7 pontos atrás do líder

A Alemanha conseguiu contra a Polônia uma vitória daquelas que empolgam a torcida. O time jogava bem, criava, o goleiro adversário fazia milagres e o gol não saía. Parecia que a boa atuação não se transformaria em vitória, mas o gol saiu no finzinho. Coisa de time que luta o tempo todo - e lutaram mesmo. Mostrando autoridade, raça e até futebol, o time da casa tá com pinta de ser difícil de ser parado.

Porém, o fato é que o Equador conseguiu duas vitórias mais fáceis do que as dos alemães contra os mesmos adversários. Talvez seja bom colocar as coisas em perspectiva. Vamos ver como será o confronto entre os dois na última rodada, talvez dê pra tirar dúvidas.

* * * *

A Inglaterra parece ter meio-campo, mas não ter ataque. O time marca, toca bem a bola, se aproxima da área, mas não consegue resolver os lances. Melhora quando tentam criar com a bola no chão, mas contra Trinidad e Tobago, em boa parte do tempo, apelou para o velho, típico e improdutivo chuveirinho - o que não deixa de ser natural para quem tem um gigante desajeitado como o Crouch, que acabou marcando o primeiro gol já no finzinho do jogo. Imagino que eles devam estar colocando muita fé na recuperação do Rooney para resolver seu problema para fazer gols. Mas ontem, quando ele entrou, foi no lugar do Owen; ou seja, o técnico acredita mesmo na importância de seu atacante grandalhão.

* * * *

Enquanto escrevo, Argentina x Sérvia e Montenegro está no intervalo. 3x0 Argentina, que ainda teve um gol mal anulado.

Vendo eles jogarem, parecem assim tão piores que a gente?

Se ainda acha que sim, preste atenção no replay do segundo gol.

Sei não.

14 junho 2006

Acabou a primeira rodada; estou lá pra trás

Os times que mais impressionaram: República Tcheca, Espanha e Itália - essa no primeiro tempo só.

Uma impressão geral: os times mais fortes estão todos fazendo um gol e depois enrolando em seus jogos. Quando começarem a se enfrentar, e em jogos decisivos, o ritmo das partidas vai ser bem diferente.

Decepção completa: a França. Que coisa horrorosa. Mas Zidane ainda joga muito, pena que ninguém aproveita os passes que dá.

E está engraçado como, agora, descobriram que o Ronaldo está sem condição de jogar e que o ataque com dois centro-avantes pesados não funciona. O oba-oba todo armado antes da estréia estava cegando muito as pessoas mesmo.

Também é divertido ver todos dizendo que não se podia esperar uma estréia muito diferente, mas com um visível sentimento de contrariedade, de expectativa não satisfeita e de queda na realidade. Como resumiu a manchete do jornal argentino Olé: "son humanos", ou seja, está se descobrindo que não tem essa de dream team. É bom que comece a melhorar já a partir do próximo jogo.

13 junho 2006

12 junho 2006

Tentei uma zebrinha, me dei mal

A República Tcheca conseguiu a vitória mais impressionante até agora. É um time organizado, que defende bem - e olha que hoje o seu grande goleiro nem precisou mostrar porque é considerado um dos melhores do Mundo - toca a bola rápido e sabe definir os lances. Muito se espera de Nedved, mas hoje ele foi coadjuvante de Rosicky, que mostrou saber chutar de longe e de perto. É um time que deve criar problemas pra seja quem for que cruzar com ele.

Os Estados Unidos é organizadinho, mantém seu ritmo na maior parte do tempo, em alguns momentos faz uma marcação no campo do adversário bem interessante, mas ainda falta talento mesmo. Mas equipes que não tenham jogadores que saibam decidir como os tchecos podem sim ter problemas com eles.

Errei como quase todo mundo

A Austrália mostrou que deve ser o jogo mais perigoso para o Brasil.

Simplesmente porque eles confirmam a fama de violentos. Como batem! Deve ser influência do rugby, que é no que eles realmente bons. O risco de sair alguém machucado não é pequeno.

Com a bola nos pés, até que os australianos não foram mal no primeiro tempo, enquanto jogaram os dois com mais jeito com a bola - Kewell e Bracciano. Foi quando o goleiro japonês mais apareceu. No segundo tempo, Kewell cansou, Bracciano saiu e o técnico amontoou gigantes na frente. Como o time insistia em jogadas pelo meio, eles não funcionavam e o time pressionou mas mal criou chances - até o finzinho.

O Japão foi uma decepção. Quando se propõe a jogar no toque de bola, até vai indo bem. Mas mostrou quase nenhum poder de definição. Chutou mal e chutou pouco, porque errou quase sempre o último passe. No segundo tempo, se conformou em jogar pelo resultado, ficando atrás e tentando um contra-ataque que nunca veio justamente pelo defeito no toque que definiria a jogada.

O meio-campo, defensivamente, não existiu. O time acabou marcando atrás demais e por isso deixou a Austrália rondar sua área durante todo o segundo tempo. Por mais que o adversário não crie muito, uma hora alguém falha ou uma bola desvia e acaba entrando. E não deu outra; o gol de empate e o da virada saíram de falhas individuais de jogadores que até vinham bem, mas acontece.

Basicamente, o Japão deu adeus à Copa hoje.

Já apareço pelo meio da tabela

México x Irã. O México é um time organizadinho e tal, mas muito previsível. Pelo menos nesse primeiro jogo, não justificou o status de cabeça de chave não. Fez um jogo até bem equilibrado com o Irã - que vamos combinar, é o Irã. Se não fosse a defesa entregar o segundo gol - e com insistência, porque primeiro foi o goleiro, depois o zagueiro - e o México talvez ficasse no perrengue até o fim do jogo. Mas o terceiro gol foi uma jogada bem bonita, das únicas em que chegaram à linha de fundo. É mais um desses times com mania de cruzar da intermediária.

Portugal x Angola. Portugal começou de um jeito que a impressão é que seria uma goleada absurda. Perdeu um gol aos 30 segudos, fez o primeiro aos 3 minutos e dominava completamente. Mas o ímpeto passou e o susto pros angolanos também. E durante o resto do primeiro tempo, Angola até jogou bem direitinho. É um time em que os jogadores se aproximam, se apresentam e trocam bem os passes, além de chutarem razoavelmente bem de fora. Mas no segundo tempo, emboa Portugal não tenha criado muito, Angola conseguiu menos ainda. Até porque o técnico angolano tirou o melhor do time, Akwa (que é meio presepeiro, mas é o melhor do time), pra colocar um atacante caneleiro na frente. Não deu certo. Seja como for, foi dos jogos mais divertidos de se assistir até agora, com bastante jogadas claras de gol.

Enfim, Portugal mostrou que tem lá seu potencial, mas tem que conseguir manter o ritmo por mais tempo durante o jogo. Tem gente ali que parece achar que joga mais do que joga. Figo continua sendo o melhor do time e o que realmente cria as jogadas.

11 junho 2006

Por enquanto, ainda estou atrás

Ontem vi apenas pedaços de jogos, sendo que nada da Argentina. Hoje já vi Holanda x Sérvia e Montenegro. E teve os dois jogos do primeiro dia.

Por enquanto, ninguém impressionou.

O melhor que vi até agora foram a personalidade e os chutes de fora da área da Alemanha, a marcação por pressão da Inglaterra no primeiro tempo, a organização da Holanda. E Robben, o dono do time laranja, apesar da fama de Van Nilsterooy.

Robben é um ponta autêntico, rápido e com grande controle de bola. O time holandês, como falei, é bem organizado - e, além disso, ofensivo. Chega perto da área adversária o tempo todo. Mas criar chances reais mesmo... Não teve muito. Mas sempre que a bola chega a Robben, fica a expectativa de algo acontecer. Joga sempre pra cima, sempre objetivo, encarando a marcação mesmo.

Até por isso, o time o procura muito e fica meio torto. A maioria das poucas vezes em que jogou pela direita foi quando Robben se deslocou por aí. Mas a maior parte do tempo ele é ponta-esquerda pra valer.

09 junho 2006

Primeiro dia: apenas um ponto

Palpite: Alemanha 2 x 1 Costa Rica. Resultado: Alemanha 4x2.

A Alemanha fez o seu papel. Atacou o tempo inteiro, fez quatro gols e não deixou que seus torcedores chegassem a ter medo. Não foi excepcional, mas teve autoridade.

Fraqueza: a defesa joga em linha, parece time espanhol. É grave.

De qualquer forma, o aproveitamento costa-riquenho foi excepcional. Teve alguma chance além dos dois gols que fez? Não me lembro.

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Palpite: Polônia 3 x 0 Equador. Resultado: Equador 2x0.

A Polônia até cercou a área adversária em boa parte do jogo, mas mal chutou a gol. O Equador criou muito mais.

Mas êta jogo ruim. Nenhum dos dois deve conseguir nada nessa Copa.

Embora o Equador tenha praticamente garantido sua passagem de fase. Pra eles, é uma conquista.

08 junho 2006

A Pátria de chuteiras: Os atacantes

Boa parte do favoritismo de nossa Seleção e da confiança no quarteto vem da final da Copa das Confederações contra a Argentina. Pois bem: entraremos na Copa com um ataque diferente daquele jogo.

Ronaldo e Adriano são bons? Ninguém é maluco de dizer que não. Estão bem? Ninguém pode dizer com certeza que estão também. Porque em seus times, até o fim da temporada européia, não estavam. Ronaldo mal tem jogado, sempre com problemas físicos - é até um alívio que a preocupação agora sejam bolhas ou febre. E Adriano deve ter feito menos gols esse ano até que o Obina.

Entendo que seja difícil barrar qualquer um dos dois. São jogadores que nos acostumamos a ver decidindo jogos para o Brasil. Mas é o que eu disse: quando o time conseguiu nos empolgar - empolgação que dura até hoje de maneira desproporcional - o ataque não era esse.

Com Robinho em campo, a movimentação do ataque melhora e muito, e fica até mais fácil para o meio-campo jogar, tendo muito mais opção de jogada. Ronaldo e Adriano são grandes finalizadores, mas jogam na mesma posição.

Mas como eu disse, é difícil ter coragem pra deixar no banco um dos dois, e o currículo menor do Robinho acaba fazendo com que fique apenas como opção. Eu entendo o lado do treinador, mas tenho minhas dúvidas se vai ser assim até o final da Copa.

Além dos três, ainda há o Fred. Houve quem pedisse pelo Nilmar, que tem jogado muito mesmo, mas eu tendo a concordar com o Parreira. Não faz muita diferença. Nenhum dos dois teria chance mesmo.

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Então, esse é o diagnóstico.

A escalação de nosso time empolga simplesmente por reunir no mesmo time quatro jogadores que podem resolver o jogo a qualquer momento. Porém, como equipe, essa que vem sendo escalada a mim não empolga. Tivemos uma grande atuação, na tal final contra a Argentina (sempre lembrando, com outra dupla de ataque e outros laterais) - mas ao mesmo tempo levamos um senhor sacode dos mesmos argentinos quando jogamos em Buenos Aires, com quarteto e tudo. Essa confiança e mega-favoritismo todo, pra mim, até hoje foi pouco justificado em campo. Ao longo dos últimos anos, vimos uma sequência de vitórias magras e atuações sonolentas contra adversários em sua maioria de medíocres pra baixo.

No ataque, não jogamos coletivamente. O time não consegue criar jogadas em conjunto e depende demais de lances individuais ou dos laterais. As jogadas individuais, ok, não é difícil imaginar que funcionem ao menos uma ou duas vezes por jogo. Mas os laterais... Cafu aparece bem, mas erra muito; Roberto Carlos acerta mais, mas aparece menos.

E na defesa, me assusta a insanidade e a grossura do Lúcio e as saídas de gol horrorosas do Lúcio. A cobertura no lado esquerdo, onde Zé Roberto sai mais e Roberto Carlos corre menos, não parece estar 100%. E não gosto do Emerson mesmo, sou implicante. Fora que ele não é cabeça-de-área em seu time.

Se fosse eu o técnico, considerando os jogadores que temos à disposição, trocaria Dida por Júlio César, Cafu por Cicinho, Lúcio por Luisão, Roberto Carlos por Zé Roberto, Emerson por Gilberto Silva, Zé Roberto por Juninho, Adriano ou Ronaldo por Robinho. Ou seja, não concordo com mais de meio time. Embora toda a imprensa o trate como unanimidade - bem, devo ser a exceção que confirma a regra, aquele que só evita que a opinião dominante possa ser definida por Nélson Rodrigues como burra.

Mas vá lá, concordo que somos favoritos, os maiores favoritos. Somos melhores do que os outros, temos melhores jogadores - e não só "melhores", mas "decisivos", o que faz muita diferença especialmente nas condições em que os jogos da Copa são disputados. Só não acho que a distância entre a gente e alguns outros times - especialmente Argentina e Inglaterra - seja tão grande assim. Aliás, em relação a esses dois, acho que ela mal existe. Num jogo contra eles, podemos ganhar como podemos perder sem nenhuma surpresa.

E é bom lembrar: nas eliminatórias, pontos corridos, ida e volta, terminamos EMPATADOS com a Argentina. E isso porque eles se classificaram antes da gente e levaram os últimos jogos menos a sério.

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Eu disse lá atrás que não ganharemos.

A justificativa, na verdade, não está em nenhuma dessas explicações técnicas não. É por uma questão bem simples: em toda Copa do Mundo, um time europeu de segundo escalão chega às semi-finais. Já foram Turquia, Croácia, Suécia, Bulgária, Bélgica, Polônia... Quando não aconteceu (a última vez foi em 90), foi a tal exceção que confirma a regra. Não há muito o que fazer quanto a isso, é a ordem natural das coisas.

E acredito que nós cruzaremos antes das semi-finais com os dois maiores candidatos a confirmarem isso: a República Tcheca de Nedved e a Ucrânia de Shevchenko. Demos azar na tabela, é a vida. Meu palpite é que ganharei a grana do bolão graças à Ucrânia.

Nossa chance é a "surpresa européia" ser Portugal. A sorte do Felipão já começou a aparecer no sorteio dos grupos, então é bom não duvidar demais.

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Também é bem possível que cruzemos nas oitavas não com os tchecos, mas sim com os italianos. Basta que eles se classifiquem em segundo, e não em primeiro. E em 9 das 13 Copas disputadas pela Azzurra em que houve uma primeira fase de grupos, ela se classificou na frente em apenas 4.

Se isso acontecer - um confronto entre um Brasil favoritaço e representante do futebol-arte contra uma Itália desacreditada se classificando aos trancos e barrancos... Putz, se preparem pra infinitas matérias lembrando o desastre do Sarriá em 82. É brabo imaginar que o raio possa cair duas vezes no mesmo lugar.

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Pela ordem, então: Itália, Inglaterra, Argentina e Ucrânia.

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E é isso aí, começa amanhã. Que se abram as cervejas!

07 junho 2006

05 junho 2006

A Pátria de chuteiras: Os meias

Quando começamos a falar dos meias, chegamos finalmente ao ponto alto de nossa seleção: o famoso quarteto. Sua primeira metade é a responsável pela criação em nosso meio de campo - Kaká e Ronaldinho Gaúcho.

Kaká é o que tem mais impressionado nesta preparação final. Neste último jogo contra a Nova Zelândia, foi o destaque absoluto. Aparece pro jogo o tempo todo, cai por todos os lados e parece estar acima dos outros até fisicamente - ou não foi impressionante a arrancada para o seu gol aos 40 do segundo tempo?

Já Ronaldinho Gaúcho... "Nunca joga na Seleção o que joga no Barcelona", é o lugar-comum que se confirma a cada jogo. Parece pouco objetivo, além do comentário também lugar-comum de que "no Barcelona sua posição é diferente".

No duro, nossos dois meias poderiam com tranquilidade jogar no ataque. Não teremos no meio-campo um jogador de toque de bola, e aliás isso fez falta contra a Nova Zelândia, principalmente no primeiro tempo. As jogadas de ataque saem sempre ou de arrancadas individuais ou de lançamentos mais longos. E há a impressão de que basta marcar nossas laterais para neutralizar 90% das jogadas ofensivas.

Isso poderia ser um pouco minimizado com a entrada do Juninho no lugar do Zé Roberto, como aconteceu no segundo tempo. Mesmo vindo mais de trás, ele é capaz de dar um pouco mais de qualidade no passe, até porque o Zé Roberto é muito mais de carregar a bola do que de passar. É um pecado ter alguém como o Juninho no banco, mas o fato é que é complicado barrar alguém como Kaká ou Ronaldinho. Então, a vaga tem que aparecer em outro lugar.

O outro meia no elenco é Ricardinho, e ele é mais uma opção de jogador para girar o jogo, tocar de um lado pro outro e manter a posse de bola - como Parreira tanto gosta, e daí sua presença na Seleção apesar da má fase em seu time. Eu acho que é uma boa opção, mas vai ser sempre esquisito em um jogo pra valer ver o técnico sacando qualquer um do quarteto pra colocá-lo em campo.

De qualquer forma, os dois reservas, como se vê, são de estilos completamente diferentes dos titulares. Ou seja, se um dos dois não puder jogar, Parreira vai ter que mudar o jeito do time - o que menos mudaria seria, talvez, lançar o Robinho, que tem mais a ver com o Kaká do que com o Gaúcho. Por isso eu provavelmente levaria o Alex, que é um jogador decisivo, muito técnico e habilidoso e que parece estar em grande fase. Seria uma opção para não mudar o esquema na falta do Ronaldinho. Até no fato de nunca ter jogado pelo Brasil o que joga pelos clubes é uma característica em comum.


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Muitos elogios ao Cafu pelo jogo de ontem. Engraçado.

Acho que tava todo mundo muito com a idéia na cabeça de que ele tá velho e não corre como antes. No que mostrou disposição e preparo físico, supreendeu e agradou. Pra mim, como não foi surpresa nenhuma, não me impressionou tanto.

A bem da verdade, ele se apresentou bem mesmo. Mas errou todas as jogadas de ataque que tentou.Gostei mesmo é do Roberto Carlos, no primeiro tempo. Um bom chute de fota e vários bons passes, inclusive um que deixou o próprio Cafu na cara do gol.

03 junho 2006

Depois, só em julho

Então, nessa última rodada antes do futebol ser só Copa do Mundo mesmo:

Fluminense x Internacional - coluna do meio
Fortaleza x Cruzeiro - coluna 1
Grêmio x São Caetano - coluna 1
Atlético-PR x Palmeiras - coluna 1
Vasco x Santa Cruz - coluna 1
Corinthians x Flamengo - coluna 2
Ponte Preta x Figueirense - coluna do meio
Goiás x Paraná - coluna 1
Juventude x São Paulo - coluna 1
Santos x Botafogo - coluna 1